Pelo menos quatro licitações promovidas pelo Cindepar (Consórcio Público Intermunicipal de Inovação e Desenvolvimento do Estado do Paraná), no valor de cerca de R$ 5,7 milhões, têm indícios de fraudes, segundo o coordenador do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa) de Londrina, Renato de Lima Castro. As suspeitas de fraudes levaram à prisão preventiva do ex-prefeito de Astorga, Arquimedes Ziroldo, o Bema, seu filho, sua nora e mais um homem suspeito de atuar como testa de ferro.

O suposto esquema investigado na Operação Alavanca indica a suposta criação de empresas para concorrer em licitações promovidas pelo Cindepar, consórcio intermunicipal criado durante a gestão de Bema e do qual, atualmente, ele é diretor-executivo. Segundo as investigações, a participação de empresas em nome de terceiros mas que seria, na verdade, da família Ziroldo, prejudicariam a competitividade dos certames. Renato de Lima Castro, entretanto, afirma que as investigações vão continuar e que devem surgir outros modos de operação irregulares.

O Cindepar atende cerca de cem municípios, incluindo Londrina, e atua principalmente promovendo pavimentação nestas cidades. “Arquimedes Ziroldo foi o grande idealizador do Cindepar”, ressalta Castro. Ele foi preso em Curitiba.

Os mandados de prisão ainda foram cumpridos em Pitangueiras, onde foram presos Daniel Ziroldo e sua mulher, Luciana, que comandam um escritório de contabilidade responsável pelas aberturas de firmas. Marcelo Henrique de Almeida, o quarto preso, seria o responsável por uma das empresas envolvidas no esquema.

Doze mandados de busca e apreensão também foram expedidos para cumprimento em Astorga, Rolândia, Londrina e Pitangueiras em sete residências, cinco escritórios e na sede da Cindepar.

Os suspeitos devem responder por crimes de organização criminosa, fraude à licitações, falsidade ideológica, peculato e lavagem de dinheiro.

DESTRUIÇÃO DE DOCUMENTOS

Ainda durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, Daniel pediu para verificar os documentos que estavam sendo apreendidos. Mesmo diante do promotor e dos policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que efetuou as prisões, Daniel rasgou um dos documentos

“Ele praticou crime na presença do promotor e dos policiais, tentando destruir provas que tiveram as apreensões deferidas pelo Juízo da comarca. É certo que esta pessoa, solta, certamente poderá criar um ambiente propício para outros crimes e se evadir das malhas da Justiça”, argumentou Castro. O suspeito vai responder, ainda, por supressão de documento, crime previsto no artigo 305 do Código Penal.

Procurado pela reportagem, o advogado de defesa de Daniel Ziroldo, Maurício Carneiro, afirmou que o documento "não tem relevância para o processo". "Era uma consulta jurídica feita com o advogado e não é pertinente para o processo em debate", apontou.

O advogado informou ainda que a prisão de Luciana Ribeiro Ziroldo foi revogada no final da tarde desta quinta-feira (12). Em relação ao marido de Luciana, Carneiro acredita que após a análise das informações oferecidas no processo, a juíza poderá revogar a prisão.

A defesa do ex-prefeito de Astorga, o Bema, informou à FOLHA que não vai se manifestar por enquanto.

O presidente do Cindepar e prefeito de Astorga, Antônio Carlos Lopes, está em Curitiba em viagem oficial e só retorna na segunda-feira (14). (Colaborou Fernanda Circhia)

(Atualizado às 20h20)