Rubens Burigo Neto
De Curitiba
Hoje completa-se exatamente 30 dias do pedido de prisão temporária do ex-delegado-geral João Ricardo Képes Noronha e ele continua foragido. Nos depoimentos de traficantes e testemunhas na CPI do Narcotráfico, Noronha foi citado como um dos ‘‘cabeças’’ do esquema de corrupção, extorsão, tráfico de cocaína e roubo, além de desmanche de carros, que envolveria vários investigadores e delegados da Polícia Civil do Paraná.
Na versão apresentada à CPI, o tráfico de cocaína em Curitiba seria feito exclusivamente por policiais. De acordo com cinco testemunhas – a maioria traficantes já presos e cumprindo penas – , os policiais furtavam a droga de traficantes, que seriam obrigados a pagar propinas para serem liberados sem a abertura de inquérito. Noronha, segundo as testemunhas, saberia da ação criminosa e receberia, em troca, dinheiro do narcotráfico para fazer ‘‘vistas grossas’’. O delegado-geral exonerado também teria envolvimento com Joarez França Costa, o ‘‘Caboclinho’’, e Paulo Gilberto Pacheco Mandelli, acusados de comandar uma estrutura empresarial para a receptação de carros roubados, destinados a desmanche no Paraná.
Com a incumbência de ‘‘fazer uma faxina’’ dentro da Polícia Civil, conforme ordem do governador Jaime Lerner, o novo delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, avalia que a vinda da CPI ao Paraná ‘‘levantou muita coisa podre de dentro da corporação’’. Mas o resgate da imagem da instituição, acredita ele, será possível.
Ao todo 37 policiais foram acusados de envolvimento com o crime organizado. Foram afastados 24 e 13 estão presos. Desde a CPI, continuam detidos o delegado Kyioshi Hattanda, o escrivão Paulo César Rodrigues e os investigadores Altair Ferreira Pinto (o ‘‘Taíco’’), Mauro Canuto Castilho e Souza, Samir Skandar, Reginaldo Moreira, Edson Clementino da Silva, Edmir da Silveira, Ezequiel de Barros, Homero Andretta Baggio, Marco Antonio Germano, Moacir Alves Albuquerque e Osvaldo Alves da Veiga.