Quatro acusados pela morte do ex-secretário de Fazenda de Maringá Luiz Antônio Paolicchi foram presos na manhã de ontem e serão indiciados por homicídio qualificado. Eles foram presos durante a ''Operação Nero'', comandada pelo delegado da Homicídios, Nagib Nassif Palma. De acordo com o delegado, o mentor seria Vagner Eizing Ferreira Pio, de 25 anos, com quem Paolicchi teria uma união estável registrada em cartório. Durante depoimento ontem à tarde, Pio confessou ter planejado o crime por interesses financeiros, pois o jovem iria herdar os bens do ex-secretário.
Além de Pio, também foram presos a irmã dele, Vanessa Eizing Ferreira, 22 anos, que tinha conhecimento do crime, e o marido dela, Éder Ribeiro da Costa, que, segundo a polícia, teria matado Paolicchi. O delegado informou que Costa contou no seu depoimento que teria cometido o crime porque Paolicchi devia drogas para ele e que, além de agredir o companheiro, teria interesse numa indenização trabalhista que Pio receberia. O pai de Pio, que está foragido, também teria participado do assassinato, ''porque levou o Éder até o local'', afirmou Nassif Palma.
O corpo do ex-secretário de Fazenda, de 48 anos, foi encontrado amarrado dentro do porta-malas de um carro e com dois tiros no final de outubro. A polícia considera o caso encerrado. De acordo com o delegado, a suspeita em relação à Vagner Pio começou quando se descobriu que ele omitiu, durante as investigações, que mantinha união estável com Paolicchi. ''No início trabalhávamos até com a possibilidade de homicídio por dívidas com traficantes, porque o ex-secretário era usuário de cocaína'', explicou. Os policiais buscam, agora, a arma utilizada no crime, um revólver de calibre 32, que teria sido escondido por Arthur Vacellai Paulino, 23 anos, que também está preso.
A polícia informou ainda que, durante as investigações, foi possível monitorar as conversas entre os acusados que utilizaram um celular que era de Paolicchi. Todos os envolvidos ficarão presos na 9 Subdivisão de Polícia Civil de Maringá.
Em 2000, Luiz Antônio Paolicchi foi condenado à prisão sob acusação de chefiar uma quadrilha que desviou R$ 100 milhões, em valores da época, dos cofres públicos. Ele ficou preso até 2005. No ano passado, foi condenado a restituir R$ 500 milhões à prefeitura. Além de Paolicchi, o ex-prefeito de Maringá na época em que ele foi secretário, Jairo Gianotto, foi condenado a quatro anos e seis meses de reclusão. A acusação era de superfaturamento na construção do Hospital Metropolitano de Maringá, que tinha recursos do Ministério da Saúde. Gianoto administrou a cidade entre 1997 e 2000, mas renunciou antes do término do mandato.
No ano passado, a Justiça Federal também determinou intervenção em uma empresa de envase de água mineral de Paolicchi, sob acusação de que devia mais de R$ 1,8 milhão à Receita Federal. ''Ele sofria ameaças, talvez até por esse passado político, e acabou sendo morto por alguém que gostava'', finalizou o delegado Nassif Palma.