Curitiba - A Executiva Estadual do PT, após reunião ontem pela manhã, afastou do partido o ex-prefeito de Realeza (Sudoeste) Eduardo André Gaievski. A decisão foi tomada três dias após a Justiça Estadual decretar a prisão preventiva do político, pois ele é citado em processo de estupro de vulnerável (nos casos em que a vítima tem menos de 18 anos de idade). Gaievski foi prefeito do município de 2005 a 2012 e, desde 24 de janeiro, era assessor comissionado da ministra Gleisi Hoffmann (PT), na Casa Civil da República, com salário bruto de R$ 14 mil.
No dia seguinte ao pedido de prisão preventiva, o Palácio do Planalto publicou uma nota oficial explicando que Gaievski pediu exoneração do cargo "até que sejam apuradas as circunstâncias e veracidade das acusações". A nota do PT do Paraná diz a mesma coisa, mas não expulsa Gaievski do partido. "Optamos pela suspensão porque só há um pedido de prisão preventiva. Caso seja condenado, ele será expulso do PT", afirmou o deputado estadual Ênio Verri, presidente da sigla no Estado.
A denúncia contra Gaievski foi feita em 2009, data em que começou a ser investigada por promotores públicos da região e pelo Gaeco de Foz do Iguaçu (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, que reúne o Ministério Público, Polícia Civil e Militar). Quebra de sigilo telefônico e depoimentos de meninas de 13 a 16 anos constariam nos autos do processo, que tramita em segredo de Justiça. Contudo, desde a semana passada parte dos relatos são publicados pela imprensa nacional.
O advogado Natalício Farias, que defende algumas das supostas vítimas de estupro, não quis dar detalhes do caso. Ele afirma que suas clientes receberam de R$ 100 a R$ 200 por "saída" com o prefeito. "Eu cheguei a levar o caso para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos e para a CPI da Pedofilia", lembra o advogado. Policiais paranaenses fizeram buscas por Gaievski em seu apartamento em Brasília no domingo à noite (estava vazio), além de seus endereços em Realeza durante o final de semana. Até o fechamento da edição ele estava foragido.
Na semana passada, Gaievski disse que é inocente e que as denúncias são perseguição política de adversário locais e membros do MP. Rafael Seben, advogado de defesa, foi contatado pela reportagem mas não se manifestou. "Como uma ministra mulher (Gleisi) pode convidar para ser seu assessor direto um indivíduo desses?", disse na sessão de ontem, na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, a deputada Cantora Mara Lima (PSDB), destacada pelos tucanos para tratar do caso. Stephanes Júnior (PMDB) e Pedro Lupion (DEM) também falaram. "Há vezes em que a preocupação eleitoral empobrece o debate político", reclamou Verri. Gleisi é a candidata do PT para enfrentar o governador Beto Richa (PSDB) em 2014. (Com Folhapress)