Ex-assessor de Belinati nega denúncias
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terça-feira, 11 de abril de 2000
Lucilia Okamura
De Londrina
O diretor da Câmara de Vereadores de Londrina, Francisco Mestre, foi ouvido ontem à tarde pelo Ministério Público, que investiga desvios de recursos públicos para pagar despesas da campanha eleitoral de 98. Ele já foi chefe de gabinete do prefeito Antonio Belinati (PFL) e é a primeira pessoa ouvida após a apreensão de documentos na casa de Cassimiro Zavierucha (conhecido como Carlos Júnior), na semana passada.
O empresário Carlos Júnior é apontado como tesoureiro da campanha do deputado estadual Antônio Carlos Belinati (PSB) e do prefeito. Em sua casa, o MP e a Polícia Civil encontraram vários documentos que indicam que ele era o coordenador e tesoureiro da campanha. Além disso, o MP comprovou que, juntadas a provas que já possui, a documentação mostra que foram mesmo utilizados recursos públicos. O empresário já prestou depoimentos à promotoria e à Comissão Especial de Inquérito da Câmara que investiga o escândalo AMA-Comurb.
Pelas várias listas que estavam em poder de Carlos Júnior, dezenas de pessoas podem estar envolvidas no esquema. Francisco Mestre aparece em uma relação de gastos de campanha. Ontem, em depoimento à promotora Solange Vicentin, ele disse que trabalhou na campanha eleitoral de 98 apenas como voluntário. O diretor da Câmara disse que, entre os serviços que fazia, coordenava comícios e equipes de panfletagem.
Francisco Mestre afirmou que para executar alguns serviços, recebia pagamento de Carlos Júnior. Ele devia ter pego o dinheiro do comitê e repassava. Sobre o empresário, ele disse ter apenas uma relação de amizade, assim como conheço vocês, disse, referindo-se aos jornalistas.
Questionado sobre as denúncias de uso de dinheiro público na campanha eleitoral, ele disse desconhecer. Nunca fiz parte de nenhum setor financeiro na prefeitura, alegou. Ele já foi ouvido outras vezes pelo MP.
Na casa de Carlos Júnior foram encontrados também diversos bilhetes endereçados à Companhia Municipal de Urbanização (Comurb), encaminhando candidatos a emprego. Francisco Mestre confirmou que é comum enviar bilhetes para tentar ajudar desempregados. Eu fiz e continuo fazendo, afirmou. O que chama a atenção do MP é que os bilhetes foram encaminhados entre janeiro e abril de 97, quando ocorreram 212 contratações irregulares na companhia. A ação tramita na 10ª Vara Cível.
O material apreendido na casa de Carlos Júnior está sendo triado e relacionado no 6º distrito policial. O delegado José Arnaldo Peron acredita que este trabalho deve ser concluído somente hoje.Francisco Mestre, que foi chefe de gabinete do prefeito e hoje é diretor da Câmara, diz que não houve desvios para campanha
Mário CésarJUNTOSChico Mestre e Carlos Jr., em fevereiro, na CâmaraArquivo FolhaSUSPEIÇÃOAntenor: investigado pelo MP e investigador da CEI
