Cerca de 100 prefeitos participaram do encontro organizado a pedido do governador Ratinho Junior (PSD) para mostrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Estiveram presentes, em maior parte, os chefes de executivo municipal da Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná), Amuvi (Associação dos Municípios do Vale do Ivaí) e Amusep (Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense).

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A reunião em tom eleitoral foi em um buffet de Arapongas, na noite de quinta-feira (20). Das maiores cidades da Região Metropolitana de Londrina, atenderam ao “chamado” do governador os prefeitos de Arapongas, Sérgio Onofre (PSC); Cambé, Conrado Scheller (União Brasil); e Rolândia, Ailton Maistro (União Brasil). Marcelo Belinati (PP), de Londrina, e José Maria Ferreira (PSD), de Ibiporã, não compareceram. Belinati afirmou que estava em Foz do Iguaçu participando do Congresso Estadual das Secretarias Municipais de Saúde, e Ferreira informou que se recupera de um procedimento cirúrgico.

Além de prefeitos e vices, também participaram vereadores de diversas cidades, incluindo Londrina, deputados estaduais e federais, lideranças locais, assessores e apoiadores de Bolsonaro. No palco, discursaram ao lado de Ratinho Junior os prefeitos de Jesuítas, Santa Fé, Cornélio Procópio, Ribeirão Claro, Arapongas, Ivaiporã e a prefeita de Astorga.

Em todas as falas, pedidos para os chefes de executivo se esforçarem na busca por votos ao presidente Jair Bolsonaro, que disputa o segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O governador fez a maioria dos deputados estaduais na Assembleia e sabe o que é governar com tranquilidade e apoio. Tenho no meu município a maioria de vereadores. Não vai ser agora que o presidente Bolsonaro elegeu a maioria de senadores, deputados federais e estaduais em todo o País que deixaremos de vencer as eleições”, afirmou Fernando Brambilla (MDB), prefeito de Santa Fé (Noroeste) e presidente da Amusep.

MÃO ESTENDIDA

Os representantes da Amunop tiveram falas curtas, mas destacaram que estarão empenhados para seguir o pedido do governador. “Se o governador nos chama, pedindo nossa ajuda e mão, estamos aqui para estendê-la”, disse Amin Hannouche (PSD), de Cornélio Procópio, presidente da associação. “É hora de lutar por cada voto. É esse voto que vai fazer diferença para que o governador possa continuar com afinidade com Bolsonaro e tenha condição de fazer as grandes obras estruturantes”, conclamou Carlos Gil (PSD), prefeito de Ivaiporã e que lidera a Amuvi.

Coube ao anfitrião, Sérgio Onofre, o depoimento mais efusivo pró-Bolsonaro. “É vestir a camisa como se fosse a sua eleição. Andar no bairro, visitar nossos companheiros. Ganha a eleição pedindo voto, não ficando trancado em sala fazendo estratégia, porque isso quem tem que fazer são as outras pessoas. Nós somos políticos, temos que ir para a rua”, exclamou. Bolsonaro teve 55,26% dos votos no Estado e Lula 35,99%.

DECISÃO DE BRASÍLIA

Um dos pedidos mais ecoados na noite foi para que os prefeitos não decretem ponto facultativo no dia do servidor público, sexta-feira (28), antevéspera da eleição. O receio é de que os funcionários viajem e deixem de votar em Bolsonaro, numa perspectiva de que todos são favoráveis ao candidato do Partido Liberal.

“É uma decisão de Brasília, da coordenação geral. Até o dia 30 não é dia de viajar, é dia de trabalhar e pedir voto para o Bolsonaro. Dia 28 é dia do funcionário público e dia 2 (de novembro) de finados. Não podemos decretar ponto facultativo e temos que conscientizar as pessoas de que não podem viajar. O compromisso é com as urnas e com o número 22”, advertiu Junior Weiller (MDB), prefeito de Jesuítas e presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná).

A solicitação foi reforçada pelo mestre de cerimônias do encontro – e que também comanda eventos oficiais do governo estadual -, que é servidor comissionado e está lotado na Casa Civil.

“GRATIDÃO”

Ratinho Junior, que horas antes havia visitado um colégio estadual recém-inaugurado em Arapongas, foi o último a falar. Reeleito com 69,6% dos votos, o governador ressaltou a parceria com o governo federal e fez críticas pontuais a Lula e ao PT, mas sem citar o candidato e nem o partido.

“Às vezes vou pedir voto para o Bolsonaro e a pessoa reclama que ele é meio ‘xucrão’, grosso. Não estou votando em candidato a miss simpatia, eu quero um presidente que coloque ordem nesse País, que respeite os agricultores, que dê liberdade paras aqueles que foram assentados e que ficaram a vida inteira sendo usados por movimentos para invadir terra e que hoje têm certidão de escritura de terra para trabalhar”, defendeu.

O governador ainda disse que tem gratidão a Bolsonaro por ter sido, segundo ele, o “presidente que mais investiu no Paraná nos últimos 30 anos”. “Nós estamos aqui não apenas porque respeitamos o presidente e nosso candidato, mas porque o presidente Bolsonaro representa o modelo de governo e de sociedade que queremos para nossos filhos”. O encontro – que acabou com jantar, cerveja, suco e refrigerante à vontade - não constou na agenda oficial de Ratinho Junior como governador.

PT no PR diz que Ratinho Jr. faz "pressão política" com prefeitos

A campanha do PT no Paraná dedicará este último final de semana antes da eleição presidencial do próximo dia 30 para mobilizar o eleitorado a votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O coordenador estadual da campanha, deputado reeleito Arilson Chiorato, também presidente do partido no Paraná, disse que estará pessoalmente acompanhando caminhadas em Maringá, Sarandi, Paranavaí, Paraíso do Norte e Floraí. Chiorato criticou o que chamou de "pressão política" de Ratinho Jr. (PSD) sobre os prefeitos da região de Londrina em torno da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, ao comentar o corpo a corpo do governador com os chefes dos executivos de municípios da Amepar, Amunop e Amuvi na última quinta-feira (20).

Arilson Chiorato, presidente do PT no PR e coordenador da campanha de Lula no Estado
Arilson Chiorato, presidente do PT no PR e coordenador da campanha de Lula no Estado | Foto: Orlando kissner/Alep

"O Ratinho não veio para a região para fazer corpo a corpo com os prefeitos, ele veio intimar e pressionar politicamente. Um governador ingrato, que não sabe o que fala, uma vez que chegou afirmar que Bolsonaro trouxe mais recursos ao Paraná que Lula, o que é uma mentira. Quantos milhões Bolsonaro investiu no Paraná? Aliás, quantas casas foram construídas nos últimos quatro anos? Quantas unidades de saúde foram construídas? E quantos programas de pesquisa foram implantados nas universidades, não digo nem universidades?", questionou.

O petista, cujo domicílio eleitoral é Apucarana (Norte), afirmou também que o governador reeleito usa de "artifícios mentirosos para tentar emplacar a campanha de Bolsonaro". "Se alguém concorda com esse discurso de melhorias, sugiro que abra a porta de casa e saia para dar uma volta na rua, na praça da cidade, porque aí sim vai se deparar com a verdade, com pessoas sem ter o que comer nem onde dormir. Essa, sim, é a verdade desse governo", afirmou à FOLHA. (Reportagem Local)

Atualizado às 17h50

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