A Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) da Bahia usou a violência, no início da tarde de ontem, em Salvador, para dispersar uma manifestação estudantes e sindicalistas que pediam a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães. O ato ocorreu no Vale do Canela, um dos principais acessos da Cidade Alta à Baixa. O local foi tomado por cerca de 5 mil manifestantes. Pelo menos 25 ficaram feridos.
O trânsito no local foi interrompido e vários motoristas ficaram presos em engarrafamento, sem entender o que estava acontecendo. De um lado policiais, atiraram bombas de gás lacrimogêneo e, do outro, os manifestantes responderam com pedras e rojões. Por algum tempo a situação ficou totalmente sem controle. O Vale do Canela fica perto de várias faculdades da Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde funcionários e alunos estavam em pânico por causa do tumulto.
A repressão aos estudantes refletiu em Brasília – onde sindicalistas também fizeram manifestações pró-cassação e senadores recebiam caixas com pizzas, enviadas por empresários de São Paulo. Partidários e adversários de ACM na política baiana trocaram insultos no plenário da Câmara, durante o período dedicado às ‘‘Breves Comunicações Parlamentares’’, conhecido como ‘‘Pinga Fogo’’ ou ‘‘Pequeno Expediente’’.
Os deputados que fazem oposição a ACM na Bahia criticaram a ação da PM contra os estudantes. Num discurso inflamado, o deputado José Rocha (PFL-BA) partiu em defesa de ACM, dizendo que os que pedem sua cassação hoje são os mesmos que foram derrotados em eleições passadas na Bahia.
Em resposta, o deputado Waldir Pires (PT-BA) disse que não se deixaria calar pelas mesmas pessoas que o impediram que se elegesse senador em 1994. ‘‘Não queriam que eu estivesse lá (no Senado) para interpelar o coronel que os dirige’’, afirmou Pires, que em 1994 perdeu para Waldeck Ornélas (PFL-BA) a segunda vaga de senador pela Bahia numa eleição denunciada como irregular.