A Dona de casa, Aparecida Mendonça, 50, acordou na madrugada desta terça-feira (1), para acompanhar sua neta Alana Luiza de 16 anos em uma consulta no Cismepar de Londrina. Avó e neta subiram no ônibus fretado pelo prefeitura de Pitangueiras na RML (Região Metropolitana de Londrina) por voltas das 5h30 da manhã e fizeram o trajeto da PR-218, PR-547 e trecho da BR-369, que passa pelas cidades de Sabáudia, Arapongas, Rolândia e Cambé até chegarem em Londrina. As duas contam que não encontraram bloqueios ou resistência ao veículo que as conduzia durante a viagem, de 1h30 de duração.

Após a consulta feita, elas aguardavam o ônibus nas escadarias do Cismepar em Londrina que estava prestes a passar, 12h30, e tinham esperança de voltar para a casa também sem complicações.

A Cismepar confirmou a percepção que Aparecida e Alana tiveram. Segundo o Consórcio, eles não foram notificados nenhum caso de cancelamentos de consultas ou atraso de pacientes em decorrência a paralização das vias por caminhoneiros.

Ônibus da Saúde de Pitangueiras não teve problemas com bloqueio na PR-445
Ônibus da Saúde de Pitangueiras não teve problemas com bloqueio na PR-445 | Foto: Patricia Maria Alves - Editora

Na mesma escadaria, aguardava a consulta das 14h, Valdecir Picolo, 62. A jornada migratória de Picolo começou as 10h30 da manhã. O trecho não é longo, conta. Seu ônibus fez o trajeto da PR-323 que passa pela cidade de Sertanópolis e entra na PR-445 no distrito da Warta, até chegar ao centro de Londrina. Curioso, Picolo disse que ficou olhando a estrada todo o tempo, a procura dos bloqueios, mas não viu nenhum. "O pessoal tava vendo no celular as informações então acreditava que estavam em todas as estradas. Mas ou eles desanimaram, ou não ocuparam aquele trecho. Ainda bem, que é injusto eles ficarem indignados de perder a eleição e fazer o povo sofrer", desabafa.

Picolo se declarou não petista, "Não gosto do político, mas esses protestos não são bons para ninguém. Caminhoneiro é trabalhador como nós, as vezes trabalham até mais. Meses na estrada. Ai eles param tudo e sofre o povo e sofre eles. Que os políticos não vão pagar os dias que eles ficaram parados". Picolo está confiante que chegará em casa até as 18h. "Mas não por conta dos bloqueios, mas o ônibus passa por todos os pontos para buscar todos que vieram, demora um pouco. Mas ainda está bom. Agora são dois horários. Tem um ônibus às 10h e outro à tarde. Antes era somente esse da manhã e a gente precisava esperar o dia todo para voltar, era mais sofrido".

Picolo conta que quando passou no trevo de saída de Primeiro de Maio, o posto de combustíveis tinha uma fila de mais de 50 carros. "O povo desespera. Correm para encher o tanque e não pensa no próximo. Eu não sou petista. Mas não concordo com isso. Tem que aceitar o resultado e pensar no povo. A gente quer paz".

Valdecir Picolo vem de Primeiro de Maio (RML) duas vezes por semana se consultar em Londrina
Valdecir Picolo vem de Primeiro de Maio (RML) duas vezes por semana se consultar em Londrina | Foto: Patricia Maria Alves - Editora

Em Londrina, até o momento, as instituições de Saúde que atende pacientes da RML - foram contatados pela equipe da Folha, o Cismepar, HU e HC e a 17ª Regional de Saúde - registrou notificações sobre atrasos de atendimentos ou cancelamentos de consultas por decorrência dos atos nas rodovias.

bloqueios

Desde segunda-feira (31), as manifestações vindas por parte de caminhoneiros apoiadores presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), estão bloqueando estradas e rodovias do país em uma mobilização contra o resultado da eleição presidencial do último domingo (30). Alguns trechos seguem bloqueados em rodovias estaduais e federais de todo o país.

Na região Norte do Paraná, quase todos os pontos de bloqueio já foram encerrados.
Na região Norte do Paraná, quase todos os pontos de bloqueio já foram encerrados. | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Veículos de transporte de pacientes estão tendo suas passagens liberadas para que sigam seus caminhos, segundo o caminhoneiro Reginaldo Gonçalves de Souza,38 anos. Ele diz que mesmo não adeptos as manifestações dos apoiadores descontentes do atual Presidente República estão sendo obrigados a permanecerem paralisados nos lugares. "Mesmo quem não tem nada a ver com tudo isso está sendo parado, prometeram liberar a gente três da manhã, mas até agora nada".

Perguntado sobre o transporte de pacientes vindos para atendimentos de saúde na região de Londrina, Gonçalves aponta que mesmo carros pequenos estão sendo impedidos de prosseguirem nas rodovias paralisadas, mas que ambulâncias ou carros de segurança e saúde pública estão tendo liberação vinda dos organizadores do movimento.

LEIA TAMBÉM:

Caminhoneiros desbloqueiam PR-445 e são impedidos de deixarem o local

Bolsonaro condena bloqueios e fala em indignação com "injustiças" na eleição