Em depoimento ontem ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a esposa do deputado federal Alex Canziani (PTB), a advogada Ana Lúcia dos Santos Silveira, disse que não conhecia supostas práticas de extorsão nem de suborno envolvendo o ex-assessor de Barbosa Neto (PDT) Luciano Ribeiro Lopes. A advogada depôs no inquérito instaurado no último dia 25 com a prisão de Lopes, em flagrante, de posse de R$ 23 mil, quando ele deixava a residência de Canziani, em um condomínio de luxo da Zona Sul de Londrina.
Ana Lúcia foi ouvida pelo delegado do Gaeco, Alan Flore, acompanhada do advogado da coligação, Maurício Carneiro - ele próprio, uma das testemunhas do inquérito, uma vez que foi citado por Lopes no depoimento. A advogada informou que o contato dela com o ex-assessor (também do marido, por 10 anos), com Barbosa, Canziani e o assessor do petebista, Hélio Senedeze Jr, no interior da residência, no dia da prisão, teria se dado apenas superficialmente: ela alegou ter servido as visitas e deixado o local em seguida. A FOLHA teve acesso ao depoimento; em trecho dele, Ana Lúcia comentou que, logo após saber da prisão de Lopes, o marido não lhe teria dito os motivos para tal.
A reportagem conversou com Ana Lúcia na saída do Gaeco. Rapidamente, resumiu: ''Não sei de nada do que se passou - só recebi pessoas que já estavam na minha casa como receberia qualquer um''. A advogada preferiu não comentar o fato de a abordagem a Lopes ter sido filmada por Barbosa no interior da residência, onde também estava sua filha. ''Já respondi tudo o que tinha para responder.''
Na avaliação do delegado, o depoimento ''de nada ajudou'' a esclarecer se houve, de fato, a extorsão denunciada por Barbosa, ou o pagamento de suborno alegado pelo ex-assessor, autor de denúncias contra o parlamentar. Flore informou que deve pedir dilação de prazo para concluir as investigações, já que o prazo de 30 dias se encerra semana que vem e ele aguarda o depoimento por carta precatória, de Brasília, do chefe da assessoria parlamentar da Procuradoria Geral da República (PGR), José Martins Arantes. No depoimento de Canziani ao Gaeco, ele afirmou que Arantes estaria presente no gabinete de Barbosa em uma das supostas cobranças de Lopes, por telefone.