Basta um passeio com os filhos pelo parque para ser reconhecido como o homem que ajudou a derrubar um presidente. Humilde, o ex-motorista Eriberto França, de 36 anos, agradece aos que se lembram de seu papel no processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, mas diz que não se deixou iludir com a fama repentina. Admite, porém, a possibilidade de se candidatar a uma cadeira na Assembléia Legislativa do Distrito Federal.
Eriberto fez denúncias que ajudaram a confirmar a ligação de Collor com seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC Farias, envolvido em irregularidades. Em entrevista à revista ''Isto É'', ele contou que PC custeava despesas pessoais de Collor e familiares. ''Não me arrependo. Esquemas de corrupção devem ser denunciados'', diz ele, que exerce cargo de confiança no Ministério dos Transportes e recebe R$ 1,2 mil mensais.
Eriberto disse que nunca cobrou nada do governo, mas se considera injustiçado por não ter conseguido a reintegração na Radiobrás, de onde pediu demissão depois das denúncias. ''Não tem problema, tenho outros planos'', afirma. Porém ainda não sabe se entre eles está o de candidatar-se. ''Eu ainda não articulei nada; até porque adiantar campanha pode queimar a candidatura, não é mesmo?''