Emília condena atitude de promotores
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quarta-feira, 10 de maio de 2000
Lúcio Horta De Londrina
A vice-governadora do Estado, Emília Belinati (PTB), fez ontem um forte ataque aos promotores que investigam o desvio de dinheiro público na Prefeitura de Londrina. Em nota oficial, divulgada no começo da noite, Emília acusa os promotores de consentirem que a honra da vice-governadora fosse duramente atingida, num flagrante desrespeito ao cargo outorgado pelos paranaenses. Em outro trecho, afirma que todo tipo de artifício tem sido manejado para impedir a satisfação dos princípios constitucionais que protegem qualquer acusado, inclusive o da presunção da inocência e o da ampla defesa.
O nome de Emília consta da medida cautelar ingressada anteontem pelo MP de Londrina. A ação pede o afastamento do cargo do prefeito Antonio Belinati (PFL), marido da vice, e a indisponibilidade de bens e quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de de toda a família incluindo os filhos Cyntia, Simone e Antonio Carlos (deputado estadual pelo PSB). Eles teriam se beneficiados de um esquema que fraudou 30 licitações, no valor de R$ 3,3 milhões.
Sem responder a qualquer uma das acusações do MP, a nota diz que de modo precipitado (os promotores) vêm insinuando juízos de valor e sugerindo condenação (antes do processo), revelando clara tentativa de manipular a opinião pública, tratando de forma leviana questão exigente de conduta serena e ponderada. Emília reclama ainda que, após 15 meses de investigação, nem ela nem seu advogado tiveram acesso aos autos do processo. Perplexa, a vice-governadora tem tomado conhecimento das acusações exclusivamente de manchetes estampadas nos meios de comunicação, afirma.
O promotor Cláudio Esteves, que propôs a medida junto com Solange Vicentin, respondeu à nota negando que o MP tenha negado acesso aos processos. Ela teve acesso a todos os documentos, com exceção aqueles que são mantidos sob sigilo, garantiu. E o advogado dela esteve na promotoria, tirou cópias dos documentos que ele entendeu pertinente, inclusive visando que ela (Emília) pudesse se manifestar por escrito. Tanto é verdade que a vice-governadora prestou esclarecimento por escrito ao MP sobre um depósito feito em sua conta.
Esteves disse também que não cabe ao MP avaliar os fatos divulgados pela imprensa. No estado democrático de direito, é papel do MP promover as investigações que se façam necessárias. E nós nunca emitimos qualquer juízo de valor e muito menos sugerimos a condenação de quem quer que seja. Tanto que os promotores têm sido cautelosos em suas declarações.
Emília, que esteve ontem em Londrina, consta da ação porque recebeu depósitos bancários do dinheiro supostamente desviado. Um deles, de R$ 11 mil, foi feito pelo ex-diretor da Comurb, Eduardo Alonso. Ele disse ao MP que fez o depósito a pedido de Carlos Júnior, para pagar despesas pessoais de Emília. Carlos é apontado como tesoureiro de Belinati e peça-chave no esquema de corrupção. Outros três comprovantes de depósitos na conta de Emília foram apreendidos na casa do tesoureiro.