O tom belicoso que tomou conta do segundo turno da campanha eleitoral à Prefeitura de Londrina se repetiu no debate da RICtv Record, na noite de sábado (19), mas em um grau menor do que o encontro anterior na TV Tarobá, no dia 14 de outubro. Desta vez, os candidatos Professora Maria Tereza (PP) e Tiago Amaral (PSD) dividiram a troca de farpas com algumas propostas se eleitos no próximo domingo (27).

O debate durou cerca de duas horas e foi dividido em quatro blocos. No primeiro e terceiro os candidatos fizeram perguntas entre si e no segundo e quarto responderam a assuntos questionados pelo jornalismo da emissora. O formato foi “banco de tempo”, em que os dois tiveram que administrar os minutos disponíveis entre perguntas, respostas e comentários. Foram três pedidos de direito de resposta, todos de Tiago Amaral. Dois foram aceitos pela equipe jurídica do encontro.

Na avaliação do analista político e professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Elve Censi, a dinâmica "obrigou os candidatos a se mostrarem mais" e "também perceberem quando as propostas não tinham consistência". "Ambos foram mais propositivos, porém, revelaram pouco conhecimento da cidade e do que está sendo feito pela atual gestão. O Ouro Verde é da UEL e não compete ao município fazer a gestão cultural do mesmo. Também não é verdade que não se faz nada no âmbito cultural na cidade", ponderou.

Na primeira parte os candidatos falaram sobre educação e segurança. No final, Professora Maria Tereza lembrou da polêmica sobre a suposta interferência de Tiago Amaral na transferência do ex-comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, o ex-candidato coronel Nelson Villa (PSDB), em 2022. Amaral contra-atacou indagando a adversária sobre um suposto grande número de atestados médicos na rede municipal de educação, colocando em dúvida a gestão da ex-secretária da pasta nos últimos oito anos.

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No segundo momento do debate os prefeituráveis falaram sobre as pessoas em situação de rua, com Amaral defendendo o internamento compulsório para aqueles que se negam a ir para a reabilitação e Maria Tereza frisando a necessidade de ampliar as parcerias com entidades sociais e o MP-PR (Ministério Público do Paraná).

O momento mais tenso foi quando a candidata do Progressistas pressionou o oponente sobre supostamente ter buscado a parceria da família Belinati antes de definir a chapa. Sem responder, Tiago Amaral destacou os apoios recebidos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Depois, voltou a ligar Maria Tereza ao PT (Partido dos Trabalhadores). Ela prontamente o chamou de “mentiroso”.

FALTOU CONTEÚDO

No terceiro, Maria Tereza disse que é vítima de violência política e que estaria “lutando contra o sistema”. Nos minutos seguintes, Amaral sugeriu que a candidata estaria fazendo papel de “vitimismo”. No fechamento, os dois candidatos novamente pontuaram seus planos de governos e ideias, como industrialização. Mas teve espaço para “cutucões” sobre impostos, com Tiago Amaral lembrando da atualização da Planta Genérica de Valores pela atual administração e ela retrucando sobre o voto dele para o aumento da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no Estado.

Na opinião de Censi, apesar do melhor nível, faltou conteúdo dos candidatos para chegar a uma discussão relevante a respeito da cidade. "Me chamou a atenção que ninguém pensou em propor um centro de convenções para uma cidade com muitos eventos, mesmo que seja privado. Falaram do teatro municipal e ninguém falou que a verba para conclusão foi esquecida por um deputado do Estado."

OTIMISMO

Os prefeituráveis avaliaram positivamente o novo debate e mostraram otimismo com a vitória. “A expectativa é maravilhosa. Diferentemente do primeiro turno, quando tem uma indefinição se acaba ou não, neste segundo turno não tem isso, vai acabar e estamos muito motivados”, pontuou Amaral. “Não é uma tarefa fácil (ganhar), mas temos visto o desempenho das pessoas no trabalho que está sendo feito e tenho certeza que seremos vitoriosos”, classificou Maria Tereza.

Eles também comentaram sobre o clima hostil das campanhas. “Ficou claro (neste debate) que quem tem buscado o embate, distribuído mentiras e ataques não sou eu. Quem conhece minha história sabe que não sou um cara para partir para esse tipo de jogo”, defendeu o pessedista. “Tenho sofrido ataques desde a pré-campanha, só que tínhamos sete candidatos e não sabia de onde estava vindo a ‘surra’ nas redes sociais contra mim. No segundo turno sei quem é o responsável por cada mentira”, disparou a progressista.

"O Tiago veio mais preparado em comparação com o debate passado. Continuou atacando a adversária, porém, agiu como se não existisse uma guerra entre as equipes de campanha na propaganda eleitoral e fora dela. Maria Teresa atacou mais e não teve o mesmo desempenho do debate anterior", observou Censi.

CONFUSÃO

Antes do debate começar, apoiadores dos candidatos brigaram na rua, em frente ao estúdio, na zona oeste. Um homem com a bandeira da Professora Maria Tereza teria agredido uma mulher que trabalhava para Tiago Amaral com uma cotovelada no rosto. Ela teve um dente quebrado. Outras quatro cabo eleitorais mulheres também teriam sido agredidas durante a confusão. A PM (Polícia Militar) foi acionada na sequência. A campanha de Tiago Amaral frisou, em nota, que o agressor seria um funcionário comissionado da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). "Foi registrado boletim de ocorrência na Central de Flagrantes e apresentadas imagens dos agressores", informou.

As vítimas deverão fazer exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) nesta segunda-feira (21), quando a campanha ainda fará um ato no centro em repúdio à violência contra a mulher.

A campanha da Professora Maria Tereza repudiou o episódio. "Um colaborador voluntário, que tinha a missão de carregar nossas bandeiras, provocado, reagiu e machucou uma colaboradora da campanha adversária durante uma discussão. Sob todos os aspectos, foi uma cena inaceitável. Já foram tomadas todas as providências legais. A pessoa que participou do incidente foi afastada imediatamente da campanha e responderá pelo seu ato", elencou.

Atualizada às 18h14