Defesa de Richa afirma que empresa apontada pelo MPF como operadora das transações não pertence ao ex-governador
Defesa de Richa afirma que empresa apontada pelo MPF como operadora das transações não pertence ao ex-governador



Curitiba - O MPF (Ministério Público Federal) denunciou o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), um dos filhos dele, André Richa, e o contador da família, Dirceu Pupo Ferreira, por lavagem de dinheiro na compra de um terreno em um condomínio de luxo em Curitiba, em 2012. A denúncia foi a segunda contra o tucano apresentada pela força-tarefa da Lava Jato envolvendo irregularidades na concessão de rodovias do Estado.

A primeira, que veio a público na segunda-feira (28), durante coletiva de imprensa, tratava dos crimes de corrupção passiva, obstrução da Justiça e pertencimento a organização criminosa. O tucano está preso preventivamente desde a última sexta-feira (25), no Regimento de Polícia Montada, no bairro Tarumã, na capital paranaense. Já Ferreira, também detido de forma preventiva, foi levado à Casa de Custódia, em Piraquara, na região metropolitana.

André figura como sócio da empresa da família Ocaporã Administradora de Bens. Em depoimento ao MPF, ele teria revelado que Ferreira prestava contas frequentes sobre o andamento dos negócios à sua mãe, Fernanda, esposa de Beto, ao seu irmão Marcello e também ao seu pai. Embora o ex-governador não figure formalmente no quadro societário, para os procuradores ele tinha sim conhecimento sobre a forma como eram adquiridos os imóveis.

No despacho, os membros da força-tarefa destacam que houve ocultação de capital na compra de um terreno no condomínio Beau Rivage, no valor total de R$ 1,93 milhão. O MPF afirma que parte do pagamento, mais precisamente R$ 930 mil, foi feita em espécie, com recursos provenientes de atos ilícitos praticados pelo então governador em favor das concessionárias do Anel de Integração.

"O dolo na conduta de André Richa é evidente. Ciente do valor real do terreno (R$ 2 milhões), assinou, posteriormente, escritura de permuta em que declara falsamente o valor de apenas R$ 505 mil para a transação imobiliária acerca do mesmo lote. Posteriormente, teria vendido o mesmo imóvel por R$ 3,2 milhões, o que demonstra, novamente, que tinha plena ciência do real valor de mercado do bem", diz trecho do despacho.

A força-tarefa requer a continuidade das investigações, incluindo sobre outras transações imobiliárias envolvendo a família Richa, "para apurar com maior precisão a conduta dele e de outros investigados que não foram, na presente oportunidade, denunciados". Conforme o órgão, apesar de existirem indícios da participação da investigada Fernanda Richa, ainda é preciso "elucidar sua participação nos fatos".

OUTRO LADO
Procurada pela FOLHA, a defesa de André e Fernanda Richa declarou que a Ocaporã nunca cometeu qualquer irregularidade e que não tem relação com Beto Richa. "A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda; este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos", informou, em nota.

"Seu marido, Carlos Alberto Richa, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda. Todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas. A empresa jamais realizou qualquer operação com o intuito de ocultar ou dissimular valores", completou a defesa.