Um pacote de projetos de lei foi protocolado pela atual gestão de Marcelo Belinati (PP) para que a Câmara Municipal de Londrina autorize o Executivo a contrair empréstimos na Agência de Fomento do Paraná S.A. e ao BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). Ao todo, são quatro propostas enviadas na terça-feira (31) que somam R$ 130 milhões, sendo R$ 30 milhões em crédito para reestruturação administrativa da Sercomtel. Também está na lista de prioridades do município R$ 30 mi em crédito para pavimentação de vias urbanas; R$14 milhões para ampliação de iluminação pública, e R$ 56 mi para o programa de lâmpadas de LEDs na cidade.

Segundo o secretário municipal de governo, Juarez Tridapalli, a proposta de injeção de recurso público na Sercomtel é considerada um "plano B", caso a segunda tentativa de leilão para privatizar a telefônica londrinense não tenha sucesso. "Por enquanto estamos pedindo autorização, esse recurso só será pedido em último caso, se necessário. Temos grandes possibilidades da venda da Sercomtel", disse, ao anunciar que o novo leilão está agendado para última semana de julho em edital.

Imagem ilustrativa da imagem Em meio à pandemia, Belinati pede empréstimo de R$ 30 mi para salvar Sercomtel
| Foto: Marcos Zanutto/3-4-2018

O primeiro pregão promovido no dia 31 de janeiro deste ano não teve empresas interessadas em assumir o controle acionário da companhia, embora tenha tido cinco grupos inscritos no data room. Pelas regras do último edital, poderiam ser integralizadas ações ordinárias no valor mínimo de R$ 130 milhões.

ALTERNATIVA

Questionado sobre o futuro aporte para "salvar"' a Sercomtel em meio à crise de enfrentamento do novo coronavírus, o secretário voltou a defender a medida como alternativa. "Nós temos duas possibilidades: ou a gente deixa a empresa fechar ou adota um plano de recuperação para lá na frente tentar vender novamente. Mas as chances do leilão dar certo é grande. O empréstimo é só uma alternativa que teremos na mão até tentar a venda novamente."

Na opinião do vereador Mario Takahashi (PV), mesmo sendo um "plano B", o momento não é propício para o envio dos projetos para autorização de empréstimo à Sercomtel. "Estamos com sessões suspensas e com assuntos voltados à Covid-19, não podemos retornar a esse tema. O debate fica enfraquecido demais, sem poder fazer pareceres precisos." Segundo ele, os esforços do Executivo e do Legislativo devem estar focados na saúde, assistência social e manutenção dos empregos. "É o mesmo que enfiar mais ingrediente numa mesma receita. Está mais do que provado que não funciona. Até onde devemos colocar dinheiro numa empresa que não se mostra viável?" questionou.

ILUMINAÇÃO E ASFALTO

O Executivo argumenta que o montante (R$130 milhões) está dentro da capacidade de endividamento público definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Os demais projetos são defendidos como imprescindíveis para elevar a qualidade de vida dos londrinenses.

Para o secretário de planejamento, Marcelo Canhada, o crédito adicional ao orçamento e obras é importante neste momento de queda na atividade econômica e perda de arrecadação para manter a economia aquecida, gerar emprego e tributos. Além disso, o secretário considera que não irá interferir no principal problema que é o enfrentamento à crise do Covid-19. "Queremos transformar Londrina em 100% em LED, isso vai gerar no futuro economia em energia elétrica, trazer mais segurança e menos gastos com manutenção."

Já sobre a verba para asfalto, Canhada justificou que a grande demanda por serviços de manutenção asfáltica obriga o município a buscar recursos nas outras esferas. Outro motivo é que o município foi impedido por recomendação do Ministério Público de vender em leilão os grandes terrenos avaliados em quase R$ 30 milhões, projeto aprovado em dezembro do ano passado.