O ex-governador e ex-senador Roberto Requião (sem partido) ainda não definiu se irá para o PT ou PDT, principais possibilidades de legendas que poderão abrigá-lo para a disputa ao Palácio Iguaçu, maior objetivo político dele nas eleições 2022. Em Londrina, onde veio ontem (24) participar de encontro com lideranças políticas e correligionários, Requião não cravou qual sigla será seu destino, mas disse que oito partidos devem viabilizar a sua candidatura ao governo como único nome "de peso" para enfrentar o atual governador Ratinho Junior (PSD), que tentará a reeleição. "Vamos decidir isso (filiação) coletivamente, minha preferência é para qual for mais viável do ponto de vista eleitoral e legal", afirmou em visita à FOLHA.

Imagem ilustrativa da imagem Em Londrina, Requião confirma disposição de disputar governo do Paraná

Entre as legendas que compõem o grupo de oposição ao atual governo, o ex-governador citou o PT, PDT, Rede, PC do B e até parte do PSB. "Nós estamos fazendo uma caravana pelo Estado para levantar o nível de consciência política no Paraná, se nós não entendermos essa realidade, nós não podemos mudá-la."

Após décadas no MDB, que sempre chamou de "MDB velho de guerra", Requião confessou que a definição do rumo a tomar depende de conjuntura político-partidária. Já a candidatura ao governo do Paraná, além de ser um contraponto ao governo Ratinho Junior (PSD), servirá de palanque do ex-presidente Lula (PT) no Estado. Na caravana, Requião estava acompanhado de seu filho, o deputado estadual Requião Filho (MDB), do presidente estadual do PT, o deputado estadual Arilson Chiorato, e de outros parlamentares petistas e pedetistas. Apesar disso, interlocutores dos dois partidos ouvidos pela reportagem informam que o caminho mais provável é da filiação dele e de Requião Filho no PDT até março do ano que vem, prazo final para que possam disputar o pleito.

CENÁRIOS

O ex-governador disse acreditar que Lula já está eleito presidente, mas fez elogios ao ex-ministro Ciro Gomes, que também se coloca como presidenciável pelo PDT. "Eu atribuo um valor grande à discussão que o Ciro está fazendo da questão econômica, mas a candidatura viável hoje é de Lula, é só abrir as pesquisas", avaliou. Segundo Requião, em ambos os partidos o caminho estaria aberto para ele para a disputa ao governo do Paraná.

Questionado se a filiação ao PT poderia inviabilizá-lo no estado diante do histórico de rejeição do partido entre os paranaenses, o ex-governador minimizou o fator "conservadorismo" do eleitor do Estado. "Eu fui eleito três vezes governador, senador duas vezes, eu não sou exatamente a direita do Paraná", respondeu com ironia. "Eu venci o Lerner em Curitiba. Não existe essa de conservadorismo. Existe proposta e espaço de comunicação."

PEDÁGIO

Para o ex-governador, a questão social, a inflação (com aumento de água e da luz) e o pedágio estarão entre os temas a serem confrontados no debate político estadual. Requião disse que não renovaria a concessão do pedágio se esse poder estivesse em suas mãos. "A princípio não renovaria. Se tivesse falta de recursos estadual, eu faria um pedágio apenas de manutenção para garantir segurança e ambulância, com valores menores. Por que você tem que pagar para empreiteiro contratar um subempreiteiro?", questionou. Entretanto, não mostrou soluções para duplicações de rodovias e outras obras de infraestrutura.

Requião ainda apontou que o governador Ratinho Jr. estaria jogando propositalmente o leilão do pedágio para o período pós-eleitoral para colher o bônus e evitar desgastes. "Se ele ganhar, ele faz. Nós ganhamos, ele (pedágio) acaba." Questionado pela FOLHA sobre não ter conseguido cumprir a promessa de acabar com pedágio criado no governo Jaime Lerner (1995-2002), Requião respondeu que o Judiciário o impediu. "Eu entrei com 42 ações, nas 42 o Ministério Público se posicionou contra o Estado, e nas 42 o Judiciário deu liminar satisfativa, que nunca vai a júri, ao pleno. Eu briguei durante meus três mandatos. Tanto que agora eles dizem que foi um roubo, o Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público, mas quando eu era governador diziam que não era e sustentavam o aumento."

Entretanto, Requião não considera o pedágio como o pior legado do Estado e defendeu retomada de discussões como as questões elétrica e social. "Eu tinha 320 programas sociais no meu governo. Você conhece algum do governo atual? É vender empresa pública. Eu coloquei internet banda larga em 55 mil escolas. E agora a Copel Telecom foi vendida. O Ratinho vendeu e alugou em seguida."

Completando 81 anos em 2022, o ex-governador não considera a renovação um fator preponderante na política. "Renovação na política não é de pessoas, é do exercício da administração, da prática das ideias. Eu fiz 320 programas no Paraná, trator solidário, formação continuada de professores, processamento geopolítico da criminalidade. A Angela Merkel ficou 16 anos na Alemanha e eu não vi ninguém reclamar."