Em Curitiba, ministro minimiza declarações de Bolsonaro sobre o Inpe

Curitiba - O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, confirmou nessa sexta-feira (23), em Curitiba, que participará de audiências públicas na Câmara e no Senado para tratar da situação do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão subordinado à pasta que comanda. "Sempre participo. Acho muito bom trazer informações. A situação no Inpe é completamente normal", afirmou.

O ex-astronauta conversou com jornalistas na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná, antes de ser homenageado com o título de cidadão honorário do Estado. Ele também se encontrou com presidentes estaduais da Assespro-Paraná (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) e, na sequência, almoçou com o governador Ratinho Junior (PSD) no Palácio Iguaçu.

No começo do mês, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) contestou dados técnicos do Inpe a respeito do desmatamento na Amazônia. Depois, determinou a demissão do diretor do órgão, Ricardo Galvão, indicado por Pontes. O ministro evitou polemizar sobre o assunto. "O Inpe continua sendo uma das instituições com mais prestígio internacional. Eu, sendo do setor, tenho maior apreço pelo Inpe", comentou.

"Com relação aos cálculos, às análises, monitoramento de dados de desmatamento, continuam sendo feitos. Agora, ainda melhor, com a participação do Ministério do Meio Ambiente e recursos também para melhorar o sistema. Tem que ver que o Inpe é um fornecedor e o Ibama nosso cliente. Então, o cliente pediu que tenhamos mais precisão e mais velocidade (…). O resultado final tem que ser a melhoria dos dados para que o combate ao desmatamento seja cada vez melhor", prosseguiu.

Pontes não quis comentar as recentes declarações de Bolsonaro, que acusou, sem provas, organizações não governamentais de estarem por trás das queimadas na Amazônia. "Isso não tem a ver muito conosco no Inpe. Nosso trabalho é monitorar e fornecer esses dados".

Ele também negou interferência no trabalho do Instituto. "Na verdade, o que acontecia até o ano passado era que dados eram primeiro passados ao Ibama e depois divulgados na página. Não sei se o Ibama vai querer que seja feito isso... O presidente tem acesso a todos os dados do país e pode ter. Mas ter acesso aos dados não significa modificar", argumentou.

HOMENAGEM

Pontes foi o segundo ministro do governo Bolsonaro a ser homenageado na Assembleia apenas em agosto. A primeira foi Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que recebeu o título de cidadã benemérita, uma vez que nasceu no Paraná - em Paranaguá, no litoral.