| |

Política 5m de leitura

Em balanço de 100 dias, Lula diz que 8/1 foi tentativa de golpe

Presidente evita citar diretamente Bolsonaro, seguindo conselho de aliados, em reunião com os 37 ministros no Palácio do Planalto

ATUALIZAÇÃO
10 de abril de 2023

Marianna Holanda e Nathalia Garcia/Folhapress
AUTOR

Brasília - Durante seu discurso de mais de uma hora em reunião de balanço dos cem dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira (10), que os atos de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contra o resultado das eleições em 8 de janeiro foram tentativa de golpe. Por outro lado, ele evitou citar diretamente o nome de seu antecessor, e afirmou que seu governo está criando uma nova fase no país.

Brasília (DF) 10/04/2023 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordena reunião de balanço dos 100 dias de governo. Todos os ministros participam do encontro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
 

Lula disse agradecer à compreensão das pessoas pelo momento histórico que o país vive. "Sobretudo depois da tentativa de golpe dia 8 de janeiro, quando a sociedade brasileira viu, depois de muito tempo, as instituições brasileiras se juntarem para defender a democracia", disse o mandatário.

Na ocasião, apoiadores bolsonaristas que não aceitavam o resultado eleitoral invadiram e depredaram a sede dos três Poderes. Como consequência, quem estava acampado em frente ao quartel-general do Exército pedindo golpe foi preso, inquéritos foram instaurados e os chefes dos três Poderes fizeram atos simbólicos em defesa da democracia.

O chefe do Executivo disse que foi uma "tentativa de golpe, feita com a maior desfaçatez, por um grupo de reacionários, fascistas, um grupo de extrema direita, que não queria deixar o poder, que não queria acatar o resultado eleitoral". Apesar de rememorar o episódio, que diz ter marcado o início do seu mandato, Lula não citou o seu antecessor, como aliados vem aconselhando-o a não fazer. Ele disse que, quando assumiu o governo em 2003, não fez evento de cem dias porque não foi preciso, e elogiou a transição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Companheiro que tinha sobretudo uma marca de civilidade que o ex que eu estou substituindo agora não tem", disse, em referência a Bolsonaro.

Em outro momento, também numa menção velada ao seu antecessor, chamou-o de "cidadão" e disse que ele queria perpetuar o fascismo no Brasil. "Digo sempre que, se juntar todos os presidentes desde a proclamação até essas eleições, a soma de todas as candidaturas juntas não gastou o que esse cidadão gastou na perspectiva de perpetuar o fascismo neste país."

CARTÃO DE VACINA

As referências ao episódio e ao antecessor abriram o discurso do mandatário aos seus 37 ministros e líderes do governo no Congresso. Ele disse ainda que "estamos criando uma fase nova na história do país" e demonstrou otimismo. Em seu discurso aos ministros, que foi aberto à imprensa, o chefe do Executivo também disse que passará a cobrar cartão de vacina no Palácio do Planalto. Segundo ele, se a pessoa não quiser se proteger, ao menos terá de fazê-lo pelos outros.

Lula disse que precisará fazer um teste de Covid-19 antes de embarcar nesta terça (11) para a China, outro quando chegar ao país e mais um quando for encontrar o presidente Xi JinPing. E, segundo disse, isso está certo. "Nós ainda temos muita gente que não gosta de democracia impregnada aqui", disse, sem deixar claro se trata sobre o Palácio do Planalto ou o Brasil. "Vou tomar decisão de exigir, só vai trabalhar e só vai entrar [no Palácio do Planalto] quem tiver cartão de vacina."

CRÍTICAS

Lula 3 completa cem dias sob críticas de aliados, que reclamam de entraves para deslanchar projetos e da falta de uma nova marca ao novo mandato do petista. O próprio mandatário tem cobrado integrantes do primeiro escalão por entregas nas últimas reuniões.

Até então, apontam ministros e parlamentares alinhados ao Planalto, o governo reciclou programas antigos e foi palco de embates entre expoentes da equipe ministerial, que se desentenderam publicamente sobre o lançamento de propostas do governo.

Auxiliares do presidente afirmam que o slogan do governo é "União e Reconstrução", o que justifica o relançamento de iniciativas de gestões anteriores, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, retomado no lugar do Auxílio Brasil, e que eles voltaram turbinados.

Esse conteúdo é restrito para assinantes...
Faça seu login clicando aqui.
Assine clicando aqui.

PUBLICAÇÕES RELACIONADAS