Arquivo FolhaPegando ondaBrizola: ultimato aos petistas e proposta para que o presidente ‘‘pense seriamente na sua renúncia’’O presidente nacional do PDT e ex-governador do Rio Leonel Brizola disse ontem que vai usar os 20 minutos do horário eleitoral gratuito do partido na televisão, quinta-feira, para alertar a população que o Brasil está correndo risco de ser um ‘‘novo México’’. Ele referia-se à crise financeira que devastou a economia daquele País. ‘‘Chego a pensar que o nosso presidente precisa pensar seriamente na sua renúncia, porque ninguém tem o direito de ficar no lugar com esta situação.’
Brizola fez uma espécie de ameaça, afirmando que o PDT vai romper com o PT e lançará candidato próprio para presidente da República e nos Estados se os petistas não cederem a cabeça-de-chapa na disputa pelos governos estaduais nas eleições de 1998.
A afirmação de Brizola decorreu da decisão final da executiva nacional do PDT, anunciada ontem, depois de uma reunião com a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), em sua casa, na zona sul da cidade.
Brizola fez este anúncio como forma de apelo a setores do PT que não aceitam o apoio do partido a uma chapa encabeçada pelo PDT. Ontem, no início da noite, estava previsto um ato no centro da cidade organizado por integrantes do PT que rejeitam uma dobradinha eleitoral com os pedetistas no Rio. O ex-governador disse que o momento é mais do que oportuno para a oposição se unir em virtude da crise financeira no País. ‘‘Separados, estamos derrotados, mas unidos, diante desta crise, poderemos vencer no plano nacional’’, declarou ele.
Brizola afirmou que, diante do risco para a economia brasileira, as ‘‘rusgas’’ entre os partidos de oposição precisam ser esquecidas. Ele afirmou que os petistas radicais têm de abandonar as ‘‘mesquinharias’’ e pensar que o PT não pode querer encabeçar as chapas nas disputas ao governo dos Estados. Para ele, se o PDT aceita ocupar a candidatura a vice na chapa com o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT não pode exigir a cabeça-de-chapa nos Estados.
Ele afirmou que sentirá orgulho de ser candidato a vice de um trabalhador, referindo-se a Lula, mas não pode ‘‘aceitar imposições’’. ‘‘O partido não pode querer tudo para si para ser dono de tudo, repetindo uma aliança no modelo oligárquico do PFL.’’ Durante a conversa de ontem, ele ouviu de Benedita que, apesar de alguns petistas estarem se recusando a apoiar o PDT, a direção nacional continua empenhada em tornar viável a união entre os dois partidos.