Pelo menos quatro doleiros da fronteira entre Brasil e Paraguai, citados pela CPI dos Precatórios como os protagonistas da lavagem do dinheiro dos títulos públicos, continuam atuando. Eles fecharam suas casas de câmbio, mas continuam em atividade.
Um dos principais suspeitos da lavagem de dinheiro é Benâncio Alonzo Godoy, que teria movimentado US$ 107 milhões em sua conta corrente. Junto com o irmão, Ruben Dário Alonzo Godoy, ele é dono da Casa de Câmbio Pantanal, no primeiro andar (sala 106) do Shopping Lai-Lai, centro de Ciudad del Este. Ontem, a casa de câmbio ficou fechada e, segundo comerciantes, seu proprietário teria desaparecido, mas continua trabalhando com câmbio.
Outro doleiro da lista da CPI é Saturnino Ramirez Zárate, ex-dono da agência de turismo Brasil Passagens, em Foz do Iguaçu, e Câmbios Del Este, em Ciudad del Este. Zárate, segundo a CPI, teria movimentado entre os dias 18 e 21 de agosto do ano passado cerca de US$ 4 milhões. Ontem ele não foi encontrado em nenhum dos endereços comerciais.
O cambista Pedro Pablo Romero, também citado pela CPI, continua trabalhando livremente nas ruas de Ciudad del Este. Ele trabalha com maletas debaixo do braço trocando dolar e real para compristas que cruzam a fronteira.
Segundo a CPI, os doleiros lavaram US$ 1,079 bilhão com o esquema dos precatórios. Os irmão Godoy e Zarate estão com ordem judicial de prisão na Polícia Federal. Os dois, segundo um jornal paraguaio, circulam livremente em Ciudad del Este.
Numa investigação paralela feita pelo Paraguai, o procurador geral da União daquele país, Daniel Fretes Ventre, levantou saques em valores altos que, possivelmente, teriam saido do país ilegalmente.
O ex-superintendentes do Banco Central paraguaio, Victor Chamorro, acredita que US$ 20 milhões saem desse país rumo a paraísos fiscais. O BC paraguaio está fazendo devassa em vários bancos.