O mal-estar entre diferentes alas do PP (Partido Progressistas) de Londrina ganhou um novo capítulo nas últimas horas. Após uma fala do vereador Matheus Thum, que é líder da legenda na Câmara Municipal, comunicando que Bruno Ubiratan, presidente da Cohab (Companhia de Habitação de Londrina), havia se colocado à disposição para ser pré-candidato a prefeito, o presidente do PP da cidade, deputado Marco Brasil, disse em nota que a informação não poderia ter sido repassada sem a anuência do partido.

À FOLHA, Thum classificou como “confusa” a nota do deputado e ressaltou que a manifestação de interesse de pré-candidaturas “é uma situação absolutamente normal dentro de grandes partidos”.

“Inclusive, bem confusa a nota, começando com o Marco Brasil se colocando como pré-candidato, depois falando que o partido ainda vai escolher o nome, que vai ser uma escolha democrática que atenda aos interesses do partido”, disse o vereador. “Com essa nota ele acaba afastando do partido outros nomes, que são bons nomes para a disputa. Por exemplo, o Felippe Machado [secretário de Saúde] e o Marcelo Cortez [diretor-presidente da CMTU], que não são filiados ainda, mas manifestam nos bastidores o interesse em serem candidatos pelo partido do prefeito.”

O vereador também revelou que ele próprio se colocou à disposição do PP para uma possível pré-candidatura, mas essa intenção teria sido barrada por Brasil. “Ele disse que no partido eu não teria espaço para ser pré-candidato a prefeito”.

Thum ainda emitiu uma nota de esclarecimento pontuando que o presidente da legenda afirmou que a escolha do candidato seria “democrática e aberta”, optando pelo melhor colocado nas pesquisas.

“Como líder do partido na Câmara, fui procurado pelo atual presidente da COHAB e membro do partido, Bruno Ubiratan, que manifestou interesse em ser pré-candidato a prefeito. Diante disso, utilizei meu tempo para comunicar essa informação aos filiados e membros do partido de forma transparente e democrática. Em momento algum afirmei que Bruno Ubiratan seria a decisão final do partido, pois esse papel não cabe a mim”, escreveu.

O vereador garante que Marco Brasil tinha conhecimento das informações que seriam repassadas durante a sessão da Câmara.

“Considero estranha a interpretação da nota, pois difere do que foi afirmado pelo presidente do partido, que deixou claro o espaço aberto para todos”, acrescenta. “Esperamos que o partido, no mínimo, abra espaço para que todos os membros preparados possam se candidatar, o que aumentaria a qualidade, pluralidade de ideias e liberdade dos membros.”

Como o PP possui uma executiva municipal, com comissão provisória, Thum explica que não serão feitas prévias; a definição do candidato será feita pelo presidente. “Quanto mais pessoas com currículo estiverem no páreo dentro do partido, melhor é o debate”, avaliou o parlamentar. “Na minha interpretação, foi um grande erro do presidente do partido, que interpretou a nota de maneira totalmente equivocada”.

TOM AMENO

O deputado federal Marco Brasil, presidente do PP de Londrina e pré-candidato do partido à sucessão de Belinati
O deputado federal Marco Brasil, presidente do PP de Londrina e pré-candidato do partido à sucessão de Belinati | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Em nova nota encaminhada à FOLHA na noite de quarta (20), Marco Brasil amenizou o tom e, sem citar o anúncio feito por Matheus Thum, garantiu que o PP terá candidatura própria a prefeito de Londrina. Ele destacou no texto que o partido “vem fazendo uma gestão que é referência nacional, sob a liderança do prefeito Marcelo Belinati”.

“Sou pré-candidato a prefeito porque sei que posso contribuir ainda mais com a cidade. Temos outros bons nomes que também estão dispostos à disputa. A escolha de quem concorrerá será feita no momento oportuno, de maneira democrática, por meio do diálogo entre a executiva municipal, executiva estadual e nossas lideranças londrinenses”, completou.