Diferença de benefícios pode ser astronômica
PUBLICAÇÃO
domingo, 16 de fevereiro de 1997
Rosa Costa Agência Estado
Levantamento do Ministério da Previdência mostra que cerca de 200 benefícios pagos a ex-combatentes e anistiados estão acima de R$ 11,2 mil ou 100 salários mínimos. Já 70% dos benefícios pagos aos aposentados que não usufruem de nenhum tipo de regalia são de até dois salários mínimos, ou seja R$ 224,00. Os dados mostram as distorções existentes hoje na Previdência Social, que faz, por exemplo, que dois trabalhadores de desempenho idêntico tenham uma velhice completamente oposta, no que depender da aposentadoria que irão receber.
Dois médicos se aposentam aos 60 anos, com salário de R$ 4 mil. O que trabalhar na iniciativa privada vai receber cerca de R$ 1 mil de aposentadoria. O que sair do serviço público pode duplicar seus rendimentos, se juntar as vantagens que recebeu no cargo.
Deputados e senadores e demais ocupantes de cargos eletivos também figuram entre os favorecidos. Muitos deles conseguem juntar um rendimento mensal próximo a R$ 30 mil, graças a aposentadorias como procuradores, governadores e o salário atual.
Serviço público De acordo com o Ministério da Previdência, as maiores distorções do sistema previdenciário estão no setor público, tanto na esfera federal, estadual e municipal. O valor da aposentadoria concedida ao servidor público civil da União não guarda nenhuma relação com sua vida pregressa e a sua contribuição. No cálculo só entra o valor da última remuneração. Segundo levantamento do ministério, os trabalhadores da iniciativa privada que se aposentam pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) recebem em média l,7 salários mínimos. Já os servidores inativos da União ganham em média 14 salários mínimos, oito vezes mais. No Legislativo, a média dos valores corresponde a 36,8 salários mínimos, enquanto que no Judiciário atinge 34,7 salários mínimos.
No serviço público, os diferentes regimes e critérios permitem que alguns se aposentem duas, três e até quatro vezes - e que ainda voltem a ocupar empregos públicos, segundo consta no relatório do Ministério que será encaminhado a cada um dos senadores. A acumulação de aposentadorias gera os supersalários, fazendo com que 82% dos que ultrapassam o teto de R$ 8 mil - salário dos ministros - são aposentados ou pensionistas. As distorções são ainda mais acentuadas nos regimes previdenciários dos Estados, onde há quem receba acima de R$ 30 mil, afirma o documento.