A direção da Detroit Motores, investigada pelo MP Estadual, negou mais uma vez qualquer irregularidade na negociação de um terreno na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ele foi dado como garantia de um empréstimo de US$ 10 milhões do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), do governo. O procurador-chefe da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), Dartagnan Abilhôa, disse, em junho, que iria pedir a quebra do sigilo bancário da empresa.
De acordo com o diretor-geral da Detroit, Adolfo Soifer, a negociação ‘‘foi feita com a observância dos ditames legais e através de escrituras públicas’’ e que não pode admitir ‘‘que se veiculem informações incorretas em detrimento da realidade dos fatos, causando prejuízo moral e material para a Detroit’’.
Em março, o servidor municipal Roberto Rocha acionou o MPE para denunciar que em 1997 a Detroit conseguiu um empréstimo de US$ 10 milhões do governo e que teria dado como garantia um terreno de R$ 18 mil. Ele disse que o imóvel só passaria de fato para a Detroit em fevereiro de 1998, um ano depois do financiamento, que será pago em parcela única (sem juros e correção), em 2007.
A direção da empresa, em carta à Redação, repudiou as informações. Soifer disse que além do terreno, a empresa apresentou outras garantias, como ‘‘todas as benfeitorias construídas, o maquinário importado para a fabricação de motores e os próprios motores’’.
A Detroit disse que o terreno de 30 mil m2 foi adquirido da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (CIC), ligada à prefeitura, pela Pró-Higiene Indústria e Comércio de Produtos Higiênicos, em novembro de 1993. O preço pago à vista pela empresa foi de CR$ 50.901.570. Dois anos depois, a Pró-Higiene, com autorização da CIC, cedeu os direitos do imóvel para a Paese Participações Societárias (empresa do mesmo grupo).
A Paese promoveu ‘‘várias benfeitorias’’ no terreno, como uma edificação de 6,3 mil m2. Soifer lembrou que em fevereiro de 1997, a Paese ‘‘cedeu os direitos do contrato de compromisso de compra e venda para a Detroit, com anuência da CIC, com área construída de 6.385 m2’’. O valor do terreno é de R$ 3,1 milhões – R$ 750 mil do imóvel e R$ 2,3 milhões das benfeitorias.
Segundo Soifer, havia uma ação de desapropriação do antigo terreno da CIC transitada em julgado, o que obrigou a prefeitura a subdividir a área, que englobava o terreno da Detroit, por meio do Projeto Bolsão Fundiário. Respeitadas as etapas burocráticas de transferência de propriedade, o registro em nome da Detroit saiu em fevereiro de 1998.