Brasília - O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro nem começou e já é palco de uma crise de relacionamento entre os núcleos militar, político e econômico. O estopim foi a desistência do general da reserva Oswaldo Ferreira de ocupar um ministério. Ferreira se tornou um dos mais próximos aliados de Bolsonaro e trabalha desde 2017, a pedido do presidente eleito, na coordenação de infraestrutura. Naquele momento, Bolsonaro procurava apoio entre os militares para fazer decolar sua campanha à Presidência.
A decisão do general Ferreira é reflexo de um racha na equipe de transição pela disputa de cargos no governo. O general, no entanto, afirmou à reportagem ter motivos pessoais para não ficar.
Nesse jogo de interesses, de um lado está a equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes; de outro, os generais ligados a Bolsonaro; em outra ponta, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) -que comanda a transição junto com seu braço direito, Paulo Tatim.
No processo de arranjo dos ministérios, a ala política tenta ocupar mais espaço, tirando generais do círculo mais próximo de Bolsonaro e criando fórmulas para deixar Paulo Guedes refém de futuras articulações políticas.