Curitiba - Duas famílias de influência no cenário político do Paraná tornaram públicas na última semana divergências por dinheiro. Os escândalos envolvem as famílias do empresário, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e ex-coordenador estadual da campanha de Fernando Henrique Cardoso à presidência da República José Carlos Gomes Carvalho e do hoje presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), ex-governador Paulo Pimentel (leia nesta página).
Carvalhinho, como era conhecido o empresário que foi vice-prefeito de Curitiba e secretário de Estado do Trabalho no governo Jaime Lerner (PSB), morreu no dia 1º de outubro de 2003 de infecção generalizada ocasionada por uma gastroenterite infecciosa por alimento contaminado. O empresário era conhecido por ser dono de uma holding que agrega várias empresas na área de agropecuária, reflorestamento e venda de veículos.
Neste final de semana, a família de Carvalhinho assumiu publicamente uma disputa pela herança do empresário. A viúva Eliane Loureiro Euclydes Souza, através do advogado Elizeu Luciano de Almeida Furquim, publicou uma intimação por Edital de Protesto contra alienação de bens num jornal de circulação no Paraná. Nani Carvalho, como é conhecida a viúva, é uma das inventariantes e herdeiras de Carvalhinho. Entretanto, ela acusa o filho mais velho do empresário de tomar posse de todos os bens e dilapidar o patrimônio dos herdeiros.
A intimação, datada do dia 5 de julho de 2004 e destinada ao juiz de Direito da 1 Vara Cível de Curitiba, Hamilton Rafael Schwartz, aponta que José Carlos Gomes Carvalho Júnior, conhecido como Carvalhinho Júnior, de 38 anos, estaria usando indevidamente o fato de ser o filho primogênito de Carvalhinho num primeiro casamento do empresário para assumir a direção das empresas da holding. A inventariante titular, segundo confirmação do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, seria Nani Carvalho.
A viúva acusa ainda Carvalhinho Júnior de estar querendo destituir a herdeira Rafaela Carvalho Garcia, 19 anos, da qualidade de filha legítima e biológica do empresário. Ele teria ainda pedido para que a irmã devolvesse um carro que teria recebido de aniversário do pai antes da morte e que estava em nome de uma das empresas da holding. O carro teria sido vendido imediatamente após a entrega das chaves e da documentação.
Ele ainda teria pedido o imóvel da família onde estava abrigado o Grupo Corujão, no Portão. ''O imóvel está rendendo e passará a ficar desocupado gerando ao contrário de rendas, despesas de manutenção e impostos'', acusa o advogado Elizeu Furquim. Outra atitude de Carvalhinho Júnior e que estaria ocasionando desconforto na família seria a gestão frente à empresa Unionda. Ela teria caído de um faturamento mensal de R$ 1,9 milhão em 2003 para R$ 900 mil em 2004.
Aviões e carros estariam à venda. ''Quando houver sérios indícios de que esteja sendo dilapidado o patrimônio de pessoa jurídica é cabível o protesto contra alienação de bens para evitar prejuízos a terceiros de boa fé pela falta de informação'', explicou Furquim, na intimação acolhida pelo juízo de Curitiba.