O Teatro Municipal de Londrina deverá receber recursos do governo federal para dar continuidade às suas obras no ano que vem. Pelo menos, é o que garantem três deputados federais ouvidos pela FOLHA nesta sexta-feira (29). Em 2023, uma emenda de R$ 50 milhões destinada ao equipamento cultural não foi protocolada pelo coordenador da Bancada Paranaense em Brasília, deputado federal Toninho Wandscheer (PP), que alegou "esquecimento".

O deputado federal Diego Garcia (Republicanos), em entrevista exclusiva à FOLHA, adianta que o coordenador se comprometeu a indicar a emenda neste ano. Um próximo passo será negociar o valor para a obra com o relator do Orçamento, senador Angelo Coronel (PSD-BA).

“Nós vamos trabalhar para que essa emenda seja, de fato, acolhida pelo relator. Esse é o dever de casa. Nós vamos pedir R$ 80 milhões”, diz o deputado, que acredita que o valor seria um “bom passo” para dar continuidade ao Teatro Municipal.

Procurado pela reportagem, Wandscheer confirma, em nota, que a emenda está garantida e será protocolada para inclusão no Orçamento de 2025.

“Embora o valor exato ainda não tenha sido definido, ele dependerá da aprovação do relator. Estamos confiantes de que o projeto será plenamente atendido”, diz o parlamentar, que fala em “compromisso” da bancada após o erro no ano passado.

OUTRA EMENDA

A deputada federal Luísa Canziani (PSD) reforça à FOLHA que há garantia de uma emenda de R$ 800 mil para a retomada das obras do equipamento cultural. É uma emenda impositiva, prevista para o próximo ano. “O Teatro Municipal é muito importante para Londrina e para a região e, por isso, temos trabalhado muito para viabilizar os recursos e, dessa forma, garantir a sua conclusão”, pontua Canziani.

Questionado sobre esse valor de R$ 800 mil, Garcia esclarece que se trata de outra emenda - será uma segunda estratégia para destinar recursos para a obra.

“Vão ser duas emendas dentro da Lei Orçamentária. Entra essa [de R$ 800 mil], tendo a rubrica da emenda pela bancada, depois o governo, ou mesmo os próprios parlamentares, podem indicar recursos, porque já tem essa previsão orçamentária”, afirma o deputado. “Não havendo essa rubrica, inviabiliza a destinação de outros recursos. Nós vamos ter duas estratégias para tentar destravar e retirar do papel.”

Ou seja, ao mesmo tempo em que a emenda de R$ 800 mil será apresentada - e está garantida, segundo Canziani -, os parlamentares colocarão em pauta uma emenda com valor maior. Será uma resposta da bancada após deixar escapar o recurso no ano passado.

"Naquela ocasião, ficou muito chato o que aconteceu. Ele [Wandscheer] está reparando e reconhecendo a necessidade da destinação de uma emenda para a nossa cidade”, ressalta Garcia.

VERBA DE ITAIPU

Questionado pela FOLHA sobre a articulação de emendas para o Teatro Municipal, o deputado federal Filipe Barros (PL) afirma, por meio de nota, que acredita ser preciso "cobrar a Itaipu Binacional, que é um imenso patrimônio do Paraná, sobre as necessidades reais de Londrina e do nosso estado".

Barros alfineta ainda o governo federal. "Afinal, qual é a prioridade de uma empresa (Itaipu) dessa magnitude, e com tanto dinheiro em caixa? Bancar festival de música da Janja (primeira-dama) ou concluir obras que começaram ainda no governo anterior do PT, como é o caso do Teatro Municipal?"

GUARIENTE DEFENDE TEATRO

O coordenador da equipe de transição do prefeito eleito Tiago Amaral (PSD), Gerson Guariente, afirma que Londrina precisa do Teatro Municipal. É um equipamento que impulsionará o turismo e as atividades culturais na cidade.

Ele lembra que a gestão Marcelo Belinati (PP) fez um trabalho junto ao autor do projeto para adequações e “reduzir um pouco o rebuscamento das especificações sem perder a qualidade técnica”.

“O Teatro Municipal é muito importante. Só existem teatros similares a esse, regionalmente, em Curitiba e em Campinas (SP). Estamos falando em atender uma população de três a quatro milhões de pessoas com um equipamento altamente qualificado”, reforça o coordenador. “[O projeto] está pronto e temos que trabalhar fortemente nessa realização.”

HISTÓRICO

O projeto de construção do Teatro Municipal de Londrina foi escolhido em 2007 em um concurso nacional durante o mandato do prefeito Nedson Micheleti (PT). A obra teria 22 mil metros quadrados, cerca de 2.400 lugares e o custo total estimado de R$ 80 milhões. O convênio para a construção do teatro foi assinado com o Ministério da Cultura, então comandado pelo compositor Gilberto Gil, em maio de 2010. O obra começou somente em 2013 e acabou paralisada no ano seguinte por falta de verbas durante a gestão do prefeito Alexandre Kireeff (PSD).