Agência Folha
Do Rio
A CPI do Narcotráfico vai pedir à Receita Federal que faça uma devassa nas contas bancárias de um de seus membros: o deputado federal Wanderley Martins (PDT-RJ), investigado pela comissão sob as acusações de envolvimento com o tráfico de armas e drogas. O objetivo da auditoria é esclarecer a origem da movimentação financeira do deputado entre 1992 e 1995. Documentos obtidos pela CPI mostram que a movimentação bancária de Martins nesse período era até 1.138% superior a seu salário de delegado da Polícia Federal (PF).
‘‘Queremos esclarecer de onde veio o dinheiro e precisamos da fundamentação técnica da Receita Federal’’, disse o deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ). A primeira investigação contra Martins é de corrupção passiva, por causa de um depósito no valor de US$ 2,6 mil feito em 1992 na conta bancária do então delegado da PF pelo doleiro libanês radicado no Rio Elias Khanaan. O doleiro responde a um processo por tráfico de armas para o Oriente Médio e é um dos suspeitos do homicídio, em 1995, do libanês Nasser Beydoun. Beydoun é suspeito de intermediar negociações de armas entre governos. O próprio irmão de Nasser Beydoun, Nader, disse que o morto recebeu US$ 1,8 milhão do governo norte-americano por ter colaborado com informações sobre um traficante de armas chileno.
Khanaan, que nega o assassinato e o tráfico de armas, disse que trocou dólares para Martins e depositou o dinheiro em sua conta bancária a pedido de um outro delegado da PF, Aloísio Borba, seu amigo e cliente. Confirmou a ‘‘explicação’’ que o próprio Martins fornecera à CPI sobre a transação.
O deputado Wanderley Martins disse ontem que está disposto a abrir toda sua movimentação financeira a seus colegas da CPI do Narcotráfico. ‘‘Quero esclarecer tudo sobre as minhas contas bancárias. Sou inocente e vou resistir até a última gota de sangue’’, afirmou. Segundo ele, algumas somas de dinheiro de suas contas bancárias resultam de empréstimos.