Denúncias esperam decisão judicial
PUBLICAÇÃO
sábado, 08 de abril de 2000
Agência Estado
De Brasília
Boa parte do arsenal de denúncias pelas quais o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e o líder do PMDB, Jader Barbalho (PA), tentam se desmoralizar mutuamente já foi julgado ou está aguardando a decisão da Justiça. Em comum, elas têm o fato de não terem resultado até agora em nenhum tipo de condenação contra os parlamentares. A prova é que eles ocupam postos de destaque no Congresso e na base de apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nada é novo nesses ataques e há denúncias citadas por ACM e Barbalho publicadas há mais de 20 anos, em jornais, revistas e até livros.
O acervo mais completo em poder do senador baiano saiu do Ministério da Previdência, comandado por seu afilhado político, ministro Waldeck Ornelas. Os processos assinados por assessores jurídicos do ministério são acompanhados de cópia de matérias publicadas à época em que o fato ocorreu. O senador Jader Barbalho foi ajudado pelos desafetos de ACM: bastou ele dizer que tinha uma caixa cheia de denúncias contra o colega para pessoas de vários estados do país darem a sua colaboração, algumas delas de forma bem estranha.
É o caso das 223 laudas em papel ofício entregues em seu gabinete que trata em detalhes de fatos da vida de ACM. A introdução, sem assinatura, informa que o texto é um roteiro básico feito a partir de uma pesquisa com informações publicadas em vários jornais, como Estado e Jornal da Tarde. A cronologia dos fatos é completa. Começa em 1927 dia 4 de setembro, em Salvador, na Bahia, nasce Antonio Carlos Magalhães, estendendo-se até este ano com a informação É acusado por Nicéa Pitta de pressionar o prefeito de São Paulo para que a OAS recebesse dívidas antigas. O pior do episódio é o fato da TV Globo, surpreendentemente, ter acolhido as denúncias.
Além de fatos familiares, a cronologia destaca, entre outros, seu afastamento dos militares (1984); o fato dele cassar 144 concessões de rádio e TV assinadas no final do governo Figueiredo, menos as dele (1985) e o apoio que deu à candidatura de Fernando Collor de Mello (1989). Houve ainda quem mandassem para Barbalho o CD em que o conjunto Mala e Maleta, canta a música Magalhães que diz: Magalhães, Magalhães, fico estressado, enervado quando penso em você, Magalhães, sua ternura faz meu coração tremer. As remessas de denúncias para o gabinete de Antonio Carlos Magalhães é intensa, a ponto dele esperar que ocorra o que aconteceu na CPI do Judiciário. As 10 denúncias existentes antes da comissão começar a funcionar se multiplicaram e ao final da investigação o Senado teve de remeter ao Ministério Público cerca de três mil denúncias. Enquanto aguarda a decisão do Senado, ACM vai agir por conta própria encaminhando as denúncias que receber contra Jader Barbalho ao Ministério Público.E parece não pejudicar a carreira dos senadores Antonio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, que ocupam funções destacadas no Congresso
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