A defesa do deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta (PROS), afirma que já solicitou a prisão preventiva do vereador Amauri Cardoso (PSDB) na Justiça federal de Londrina. Petriv e Cardoso se envolveram em uma discussão na manhã de sábado (23), quando o vereador acabou agredindo o deputado com um soco no rosto.

“O juiz de plantão já despachou hoje de manhã pedindo a manifestação do Ministério Público Federal. A defesa pede a prisão preventiva e medidas cautelares de afastamento de 200 metros”, afirma o advogado Zeno Bortolotti.

Boca Aberta teve alta no final da tarde deste domingo (24) mas afirma que terá que retornar ao hospital para uma cirurgia, pois a agressão resultou em uma fratura no nariz, além de um dos ossos da face e dois dentes. A defesa do deputado também sustenta que as lesões foram graves porque o vereador teria usado algum objeto, como um "soco inglês", na mão que desferiu o golpe, o que vai ficar claro após a análise das imagens.

Questionado, o vereador Amauri Cardoso nega que tenha usado algum instrumento, e afirma que retornou ao local para buscar as chaves que teriam caído do bolso. Ele também salientou que agiu em legítima defesa após se sentir ameaçado.

Por enquanto, a Câmara Municipal de Londrina não vai comentar o assunto.

A confusão aconteceu na avenida Juscelino Kubitschek, na saída da Conferência Municipal da Saúde, quando o vereador Amauri Cardoso sugeriu a leitura de uma moção de repúdio ao ato cometido por Petriv em uma "blitz da saúde" em um hospital em Jataizinho. Entretanto Petriv afirma que foi convidado pela organização do evento assim como outros deputados da região.

A pedido da reportagem da FOLHA, o advogado criminalista, Valter Bittar, avaliou o vídeo que circulou pelas redes sociais e mostra o momento em que o vereador Amauri Cardoso, ao ser abordado, desfere o golpe certeiro no rosto de Boca Aberta. De acordo com Bittar, a legislação não exige uma agressão para configurar esta excludente de responsabilidade, "bastando a iminência de agressão", explica.

"Outro requisito da legítima defesa é a proporcionalidade da reação. Pelas imagens é possível ver um único golpe, em situação de iminência e, até mesmo, agressão verbal. Importante ressaltar que os tribunais brasileiros admitem a hipótese de reação física, contra agressão verbal, desde que interpretado como meio necessário para a legítima defesa. Assim, e com base nas imagens e relatos que tive acesso, aliado à legislação penal do Brasil, é possível afirmar que, em tese, o vereador Amaury agiu amparado pela excludente da legítima defesa", avalia. (V.S.)