PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Com veículo de campanha adesivado e até carro emprestado, cada um dos 13 candidatos à Prefeitura de Porto Alegre esteve dentro de um automóvel no primeiro debate da eleição deste ano da capital gaúcha, realizado na manhã desta segunda-feira (28) pela Rádio Gaúcha.

Modelos como Corolla, Siena e ix35 permaneceram estacionados lado a lado em vagas dispostas em formato da letra “L”.

O debate “drive-in” foi o modelo escolhido pela emissora para manter o distanciamento físico durante a pandemia de Covid-19 e garantir qualidade técnica de som —um encontro virtual poderia ser prejudicado por falhas de conexão, por exemplo.

O candidato do PSTU, Júlio Flores, foi de carona. Professor de matemática, Flores não tem carteira de motorista. “Como a maioria do povo brasileiro, sou usuário do sistema de transporte coletivo com muito orgulho. Tenho vários amigos motoristas e cobradores que me conduzem para ir e voltar do trabalho, todos os dias, faz muito tempo”, disse à reportagem após o debate.

Flores debateu a bordo de um Clio vermelho emprestado, mesma cor do Kicks na qual estava Fernanda Melchiona (PSOL). “Cor que caracteriza a esquerda”, disse à Melchiona o jornalista Daniel Scola, mediador do debate. A deputada federal, porém, estava em um carro também emprestado. Seu Tiguan, na cor azul vintage, estragou na última quinta-feira (24).

Para situar os ouvintes, o mediador informava a localização dos veículos. Em dado momento disse que Melchiona estava à direita de outro candidato. “Só no estacionamento estou à direita. Na política estou à esquerda”, respondeu a candidata do PSOL.

Rompidos, os atuais prefeito e vice de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Gustavo Paim (PP), irão se enfrentar nesta eleição. Eles estavam a três carros de distância um do outro. O mediador elogiou a limpeza do carro de Marchezan. “Bem limpinho”, mesmo elogio dado ao veículo do rival.

Nas redes sociais, ouvintes também comentaram sobre o asseio dos automóveis. Era possível assistir ao debate em vídeo pela internet. “A galera nem pra dar uma mangueirada no carro, passar um pretinho nos pneus”, brincou um ouvinte.

A candidata do PDT, Juliana Brizola, neta de Leonel Brizola, deixou um livro do político Ciro Gomes visível sobre o painel do seu Corolla preto. O carro também foi elogiado pelo apresentador por sua durabilidade.

Juliana Brizola foi questionada por Manuela D’Ávila (PCdoB), de dentro do seu Sportage azul, sobre educação. Elas fizeram uma dobradinha sobre o tema.

Sebastião Melo (MDB), ex-vice-prefeito, optou por usar um carro já adesivado para a campanha, divulgando seu número de urna. Ele debateu em um Versa na cor branca.

Por sua vez, José Fortunatti (PTB), ex-prefeito, estava em uma caminhonete Spin. “Espaçosa” para um “homem alto”, nas palavras do mediador. Fortunatti e Melchiona antagonizaram com o atual prefeito, Marchezan Jr., que destacou as realizações da sua administração e criticou Fortunatti.

Sobre o carro de Rodrigo Maroni (Pros), um Toro, o apresentador comentou que, por ser um 4x4, o candidato está “preparado” para terrenos difíceis. Maroni debateu de óculos escuros, disparou críticas a todos e se colocou como o único “candidatos dos animais” — ele atua na proteção a bichos abandonados.

O candidato do PCO, Luiz Delvair, colou na roupa um adesivo de “Fora, Bolsonaro” e defendeu a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidência em 2022.

Delvair chamou o vice-prefeito, Gustavo Paim, de “companheiro”. Paim, ao contrário de Delvair, defendeu a política de Bolsonaro, que classificou como liberal.

Participaram também João Derly (Republicanos), dentro de um S-Cross, Montserrat Martins (PV), em um Grand Siena, e Valter Nagelstein (PSD), em um Outlander.

“Foi um debate positivo e propositivo, o primeiro debate que a rádio tradicionalmente faz para cumprir seu papel de fazer o primeiro contato da população com os 13 candidatos. Ocorreu tudo bem, conforme as regras. Minha avaliação [do formato drive-in] é positiva. Falando com eles [candidatos] na saída, a avaliação é positiva de todos eles”, disse Andressa Xavier, editora-chefe da Rádio Gaúcha.