Curitiba foi uma das cidades que registraram manifestações de rua contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes neste domingo (17). O ato se concentrou na Boca Maldita, ponto tradicional de protestos localizado no Centro de Curitiba.

O evento foi comandado por dois carros de som — um, organizado pelo Movimento Avança Brasil, com apoio dos grupos locais Curitiba Contra a Corrupção e Acampamento Lava Jato Curitiba; e outro, por uma união de grupos que inclui a Frente Conservadora Paraná e o Movimento Brasil Conservador.

“A ideia foi justamente a gente unir o 'Avança' como um todo, na Nação, para que saísse às ruas para pedir o impeachment do Gilmar Mendes. Como em Curitiba temos apoio, solicitamos que fosse feito com a população inteira, para que a gente soltasse nossa força também em Curitiba”, disse Marcus Schneider, integrante do movimento na capital paranaense.

“O pedido de impeachment de Gilmar já é uma pauta antiga. No entanto, com os últimos acontecimentos — o favorecimento que ele tem feito, o seu posicionamento — criou-se esse fervor novamente para que a gente faça uma reestruturação no STF”, defendeu Schneider.

A advogada Paula Milani, integrante do Acampamento Lava Jato, critica o que vê como relações próximas do ministro com réus julgados no Supremo. “Ele é completamente suspeito e não alega a suspeição quando julga esses casos. Ele se acha acima da lei”, disse.

Cristiano Roger, fundador do Curitiba Contra a Corrupção, diz que o grupo questiona o que considera ativismo judicial por parte do STF. “A gente tem essa luta confrontando o STF desde 2017, quando o STF começou a enfrentar a Lava Jato”, disse.

Segundo Patricia Busatto, coordenadora da Frente Conservadora Paraná, a nova estratégia dos protestos de direita é mirar em nomes específicos do Supremo, e não na instituição em si. Para ela, Gilmar Mendes se tornou "o elo mais fraco" por ter se chocado com a operação Lava Jato e com o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). "A saída dele já vai dar um outro rumo para o STF e alertar todo o Poder Judiciário que não há, pelo fato de serem magistrados, poder ilimitado", disse.

DISPERSÃO

O ato reuniu um contingente menor de participantes em comparação com outros protestos ligados a organizações de direita no mesmo local — fato atribuído por organizadores ao feriadão da República.

Paulo Enéas Borges Bueno Netto, 64 — que carregava um cartaz com os dizeres “sinto nojo do STF” — contou à reportagem que participou de todas as manifestações de rua dos últimos anos. “Participei inclusive de manifestações que antecederam ao MBL e ao Vem Pra Rua. Eu já estava na rua, sempre com o meu cartaz. Nunca fui pautado por terceiros”, disse. “Sinto nojo não dos cinco que votaram pela prisão em segunda instância, mas dos seis que não votaram. É simplesmente inadmissível, simplesmente o horror, simplesmente a utopia”, definiu.

A dona de casa Cristiane Ferreira Mendonça Gomes, 46, disse que o STF está caminhando na direção contrária à que os brasileiros querem. “É uma medida totalmente descabida, pura e simplesmente para soltar o Lula”, criticou. “O Supremo se rebaixou a ficar totalmente queimado perante todo o Brasil. Por isso nós queremos o impeachment de Gilmar Mendes. E que sirva de exemplo para os outros ministros, porque todo o poder emana do povo, e o Supremo não pode achar que faz o que quer sem prestar conta ao povo brasileiro”, alertou.