Curi será o novo presidente da Alep e era Traiano chega ao fim
Herdeiro político do seu avô Anibal Khury, deputado do PSD vai comandar Alep no biênio 2025-2027
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segunda-feira, 12 de agosto de 2024
Herdeiro político do seu avô Anibal Khury, deputado do PSD vai comandar Alep no biênio 2025-2027
José Marcos Lopes, especial para a Folha
Curitiba - O deputado estadual Alexandre Curi (PSD) foi eleito nesta segunda-feira (12) presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para um mandato de dois anos a partir de fevereiro de 2025. Em uma eleição antecipada e com chapa única, Curi recebeu 53 votos favoráveis e uma ausência, após uma articulação que colocou fim à era de poder de Ademar Traiano (PSD), em seu quinto mandato desde 2015.
A eleição seria em fevereiro do ano que vem, mas foi antecipada por causa do desconforto causado pela informação de que Traiano fez um acordo com o Ministério Público do Paraná a fim de não responder criminalmente por ter pedido propina para um prestador de serviços da Alep em 2015. Os outros principais postos da Mesa Executiva serão ocupados por Flávia Francischini (União Brasil), primeira vice-presidente; Gugu Bueno (PSD), primeiro secretário; e Maria Victoria (PP), segunda secretária.
Visto como um articulador, Curi é herdeiro político de seu avô, Anibal Khury, morto em 1999. Khury foi cinco vezes presidente da Alep, de 1989 até sua morte, e assumiu o governo do estado seis vezes.
Alexandre Curi assumiu como vereador em Curitiba em 2000, com apenas 21 anos, e em 2002 foi eleito deputado pela primeira vez, com mais de 44 mil votos. Em 2022, foi eleito para seu sexto mandato consecutivo na Alep, com cerca de 273 mil votos (pela terceira vez, o mais votado em todo o estado).
“Ao final desse ano eu completo 24 anos de vida pública. Já disputei diversas eleições, mas confesso que hoje é um dia de grande emoção”, afirmou Curi após a votação. “Gostaria de externar a minha gratidão aos deputados e às deputadas desta Casa pelo privilégio de ocupar o cargo mais importante deste Poder, pela satisfação que me dão de pela primeira vez ocupar o cargo de presidente da Assembleia.”
O deputado disse que seu mandato será de continuidade. “Vamos continuar avançando, sempre buscando o fortalecimento do Poder Legislativo. Vamos avançar na transparência, na sustentabilidade e na economia, vamos estar juntos levando a Assembleia Legislativa mais próxima da população, através da Assembleia itinerante, e vamos continuar sendo a única Assembleia do Brasil que devolve 30% do seu orçamento para o Poder Executivo.” Ele destacou que pela primeira vez a Alep terá uma mulher como primeira vice-presidente.
Os outros integrantes da Mesa Diretora serão os deputados Delegado Jacovós (PL), segundo vice-presidente; Moacyr Fadel (PSD), terceiro vice-presidente; Requião Filho (PT), terceiro secretário; Alexandre Amaro (Republicanos), quarto secretário; e Goura (PDT), quinto secretário. Ney Leprevost (União Brasi) e Marcel Micheletto (PL), que eram cotados, ficaram de fora.
TRAIANO
Ademar Traiano, que é deputado desde 1991, lembrou que Anibal Khury deu sua primeira oportunidade na Mesa Executiva da Alep. “São quase 34 anos aqui dentro do Poder Legislativo. Ao chegar aqui, conheci um dos homens mais importantes da vida pública do estado do Paraná, nosso querido e saudoso deputado Anibal Khoury, que me deu no meu primeiro mandato a possibilidade de ser seu segundo secretário. E agora estamos aqui já consagrando a nova Mesa Executiva. Para minha alegria e satisfação, votando neste que eu conheci menino, quando ainda corria os corredores da Assembleia com o seu avô.”
Traiano não poderia disputar a reeleição, pois há um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), adotado no julgamento de um caso semelhante, que só pode haver uma reeleição para o mesmo cargo nos Legislativos estaduais. Em 2022, o parlamentar obteve uma vitória em uma ação movida pelo PDT, que contestava sua nova candidatura. O STF entendeu que ele poderia concorrer mais uma vez.
Traiano ficou desgastado depois da revelação, em dezembro do ano passado, de que cobrou propina para facilitar a renovação de um contrato de prestação de serviços para a TV Assembleia. Ele e o ex-deputado Plauto Miró Guimarães (União Brasil) teriam pedido R$ 200 mil (R$ 100 mil para cada) para renovar o contrato com a TV Icaraí, do grupo J. Malucelli. Com o acordo de não persecução penal firmado com o Ministério Público, eles devolveram os valores e pagaram multa, o que os livrou de processos criminais.
Depois da revelação, os únicos deputados que questionaram a continuidade de seu mandato como presidente da Alep foram Renato Freitas (PT) e Fábio Oliveira (Podemos). Freitas, que discutiu durante uma sessão com Traiano e o chamou de corrupto no ano passado, foi o único que não votou na chapa encabeçada por Alexandre Curi.
Em nota divulgada no início do ano, Traiano afirmou que o caso de pedido de propina estava “encerrado”. “O deputado Traiano reafirma que formalizou um acordo junto ao Ministério Público, o qual foi homologado pelo Poder Judiciário e plenamente cumprido por sua parte. Conforme a legislação em vigor, o assunto está encerrado”. Ele disse ainda que o valor foi repassado como contribuição de campanha.