Crise obriga líderes a adiar votações polêmicas
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domingo, 18 de março de 2001
Agência Estado De Brasília
A agenda de votações polêmicas do Congresso não deve ser retomada esta semana, apesar da disposição do governo de assumir o controle da pauta para desviar o foco da crise política desencadeada durante a disputa pelo comando da Câmara e do Senado. Os líderes dos partidos da coalizão governista ainda não estão seguros de que seja possível votar projetos polêmicos sem risco de derrota e pediram mais uma semana de prazo para trabalhar suas bancadas.
Não interessa fazer um enfrentamento e perdermos as votações, os líderes acham melhor começarmos pelas matérias menos controvertidas e chegarmos às mais polêmicas aos poucos, disse ontem o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
A principal dificuldade para a retomada da agenda é a tensão que a guerra entre o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e seu antecessor, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), está provocando na aliança governista. ACM, que vem fazendo acusações de corrupção contra Jader e ministros peemedebistas, deve assinar hoje o pedido de abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI) proposto pela oposição para apurar as denúncias.
Isso pode provocar a demissão do presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio, do grupo de ACM, já que o Palácio do Planalto está montando uma operação de guerra para evitar a investigação das denúncias, que agora atingiram também o ex-presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP).
Para tentar retomar a pauta de votações, Jader e o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), farão amanhã duas reuniões com líderes partidários. Aécio tentará finalmente instalar as comissões permanentes da Câmara, que estão paralisadas por causa de falta de acordo para indicação de seus presidentes.
Jader tentará fechar acordo para a votação de pelo menos nove medidas provisórias em sessão do Congresso, na quarta-feira. Já temos ambiente para votar MPs, só precisamos marcar as votações para os dias com quórum alto, disse ontem o vice-líder do governo no Congresso, deputado Ricardo Barros (PPB-PR).
