Imagem ilustrativa da imagem Crise no PSL atinge deputados no Paraná
| Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

A crise que se instalou no PSL, partido de Jair Bolsonaro e de três deputados federais do Paraná – incluindo o londrinense Filipe Barros – parece longe de acabar. Enquanto Barros sofre consequências do apoio ao presidente, Felipe Francischini mantém-se fiel à legenda, defendendo a manutenção de Delegado Waldir (GO) como líder do partido na Câmara e defendendo a expulsão dos detratores. Já Aline Steujes reclama de boicotes mesmo antes do racha.

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O grupo do PSL ligado ao presidente sofreu uma dura derrota, com a consolidação de Waldir como líder da bancada na Câmara. A reboque, Jair Bolsonaro resolveu retirar a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso.

Em áudio vazado à imprensa nesta quinta-feira (17), o deputado federal e presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) Felipe Francischini (PSL) queixa-se do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e questiona sobre o dinheiro do fundo partidário em uma possível fusão do PSL com o Democratas. Trata-se da mesma gravação em que o Delegado Waldir fala em "implodir" o presidente.

A conversa com parlamentares paranaense foi gravada na noite desta quarta-feira (16) após as assinaturas das listas em favor de Eduardo Bolsonaro ou do Delegado Waldir para assumir a liderança da sigla na Câmara. O áudio foi gravado pelo deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que assinou ambas as listas.

Os deputados conversam sobre a ligação de Bolsonaro pedindo que assinassem em favor do filho. "Essa tentativa do presidente de impor o filho dele", menciona o deputado Francischini. É possível ouvir Francischini provavelmente falando do presidente: "A gente foi tratado que nem cachorro desde que ele ganhou a eleição. Nunca atendeu a gente em * nenhuma".

Em dado momento do áudio, o parlamentar lembra-se de diálogos na casa de Rodrigo Maia e mostra preocupação ao falar da articulação para o PSL fundir com o Democratas. A fala de Francischini estaria relacionada a situação de que, se a bancada apoiasse Eduardo Bolsonaro para ser líder do partido na Câmara em detrimento do delegado, o presidente da sigla, Luciano Bivar, fundiria o PSL com o DEM. A preocupação de Francischini é que caso isso acontecesse, o fundo partidário iria na totalidade para o Democratas. O fundo partidário do PSL equivale a cerca de meio bilhão de reais por ano.

A gravação dá a entender que o deputado falava sobre parlamentares do Democratas, que estariam "loucos querendo fazer a fusão do Democratas com o PSL". "Estou tentando segurar essa * porque não quero que aconteça. Se a bancada passar o recado que não está com o partido, eles vão fazer a fusão e vão liberar todo mundo aqui sem levar fundo, sem levar * nenhuma, e o Democratas vai ficar com o dinheiro de todos vocês aqui".

O pai do deputado, Fernando Francischini, foi o deputado estadual mais votado em Londrina. O ex-delegado da Polícia Federal oficializou a candidatura à prefeitura de Curitiba pelo PSL em agosto. Outro pré-candidato é o atual prefeito Rafael Greca, que se filiou ao Democratas em abril deste ano.

O Delegado Waldir ainda fala que "há uma linha do Francischini" e que "vamos expulsar um por um do partido". "Felipe, estou com você, ok? A situação é essa, nós vamos expulsar um por um".

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa no fim da manhã e na tarde desta quinta-feira, o parlamentar não quis se manifestar até que “tudo esteja resolvido”.

CABEÇAS A PRÊMIO

No Twitter, Barros reclamou, na manhã desta quinta-feira (17) que, por ter assinado uma carta de apoio a Bolsonaro, foi excluído da vice-liderança do PSL da coerdenação das comissões e retirado da CPMI da Fake News – a mesma que ele tentou suspender via STF (Supremo Tribunal Feeral) e que denomina “CPI da censura”. Também foi, segundo o mesmo tweet, proibido de usufruir dos partidos prestados pela liderança do PSL. “[]Delegado] Waldir usava a estrutura da liderança partidária para boicotar @jairbolsonaro”, concluiu.

O deputado foi procurados pela reportagem por meio de sua assessoria de imprensa na manhã desta quinta. Até o fechamento, a equipe de Barros não deu retorno.

Já a Aline Steujes respondeu que mantém-se fiel ao presidente porque ele pretendia implantar medidas de compliance e transparência no PSL, o que nunca foi atendido. “Tem pedido que cumpra o Estatuto e apresente balanços mensais das contas do partido , nestes 10 meses o PSL deve ter recebido algo em torno de 85 milhões de reais. Então, com todas essas recusas e frente à nossa obrigação moral e ética de cumprir o nosso compromisso com o eleitor, de não cometermos as mesmas velhas práticas da política, é que me postei de forma leal ao Presidente Jair Bolsonaro, pela ética e pela transparência, e estarei com ele até o fim”, disse a deputada.

Aline ainda disse que sofre perseguição política do PSL desde que foi eleita. “O meu eleitor não sabe, mas o PSL tem me perseguido no Paraná há muito tempo. Sou deputada federal representando o agro, e sequer faço parte da direção estadual do partido”, reclama.

Além disso, ela afirma que as ações contra os parlamentares pró-Bolsonaro - “como destituição de Comissões na Câmara dos Deputados, perdas de cargos, ameaças de expulsão ou suspensão dos colegas” - são ameaças diretas numa tentativa de provocar recuos e silenciar as cobranças sobre transparência. “Bolsonaro sem PSL continua sendo Bolsonaro , PSL sem Bolsonaro volta a ser apenas mais um partido”, concluiu.