CPI é idéia de ''oportunistas'', diz Lerner
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quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
Leandro Donatti
De Curitiba
O governador Jaime Lerner criticou ontem à tarde a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), articulada pela bancada estadual do PMDB na Assembléia Legislativa, para a volta do recesso, em meados de fevereiro. Lerner classificou a proposta de oportunista. Isso está sendo ressuscitado porque tem eleições neste ano, assinalou ele, minutos depois do lançamento da pedra fundamental da Cisa, empresa vinculada ao grupo CSN, em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba.
Lerner disse que seu governo sempre esteve aberto a dar informações sobre a exploração do pedágio nas rodovias do Anel de Integração, desde que a cobrança foi instituída no primeiro semestre de 1998. Isso é uma novela que é retomada de tempos em tempos, reclamou o governador, que é adversário político declarado do presidente regional do PMDB, o senador Roberto Requião. Requião é apontado como um dos mentores da retomada, pela bancada estadual, do pedido de CPI, mantido em banho-maria há meses por falta das 18 assinaturas necessárias para a autoinstalação.
O governador garantiu que não vai permitir aumento discriminado de 116% como pleiteam as concessionárias. Queremos a retomada imediata das obras, principalmente a duplicação de estradas importantes. Essa é a essência do projeto de privatização: melhorar a condição das estradas o máximo possível, observou Lerner. O governador não escondia ontem o seu desconforto em tratar do assunto, visto pelo próprio Palácio Iguaçu como um dos principais espinhos da administração de Lerner.
As estradas antes (quando estavam sob a responsabilidade do governo federal) estavam perdidas, sacrificavam vidas. Hoje o Anel (de Integração) é uma realidade, está implementado, ponderou Lerner. O governador voltou a insistir ontem que só haverá aumento de tarifas se houver comprometimento das empreiteiras de retomada de obras. Em dois ou três anos, pelo menos 250 quilômetros terão de ser duplicados, calculou.
As negociações em torno do reajuste continuam. A decisão da Justiça Federal que, na semana passada, suspendeu os efeitos do reajuste de 116% autorizados pela Justiça em primeira instância deu fôlego para o governo negociar com as concessionárias. O secretário dos Transportes, Heinz Herwig, cuida das negociações. Ele reuniu-se na última segunda-feira para tratar do assunto com as concessionárias, mas até ontem não havia chegado a nenhuma conclusão. As concessionárias que exploram o pedágio apresentaram diversas contrapropostas, todas dependendo do volume de obras que o governo não abre mão.