CPI da Covid: Kátia Abreu diz que Ernesto foi bússola que 'nos direcionou para o caos'
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terça-feira, 18 de maio de 2021
Julia Chaib e Renato Machado - Folhapress
Brasília - A senadora Kátia Abreu (PP-TO) fez uma dura fala contra o ex-chanceler Ernesto Araújo, que está depondo na CPI da Covid, dando sequência a uma troca de farpas que resultou na demissão do ex-ministro das Relações Exteriores, em março. Kátia falou durante 20 minutos, sem ter feito nenhuma pergunta ao depoente. Inicialmente ironizou a fala de Ernesto na CPI, afirmando que ele tem duas "personalidades". A senadora então explicou que o ex-chanceler na comissão adotava um tom mais contido, negando críticas à China, mas que nas redes sociais e em artigos costumava ser mais virulento.
A senadora reconheceu que houve aumento no volume das exportações para a China no último ano, mas afirmou que ela aconteceu "a despeito" de Ernesto. Kátia Abreu também afirmou que o comportamento do então chanceler com a China foi nocivo para o país, em particular na aquisição de vacinas. "Que bajulação à China? Eu quero bajular qualquer país que tenha vacina", afirmou.
Ao terminar sua fala, Kátia disse que Ernesto colocou o Brasil na condição de pária e de irrelevância. Afirmou que o ex-chanceler é um "negacionista compulsivo". "O senhor no MRE foi uma bússola que nos direcionou para o caos, que nos levou ao iceberg, ao naufrágio", disse. Ernesto manteve uma relação conflituosa com senadores, especialmente no último ano. Em uma postagem nas redes sociais, no fim de março, Ernesto sugeriu que Kátia Abreu o procurou para fazer lobby em favor da tecnologia chinesa para o 5G. Dias depois, foi demitido.
CARTA DA PFIZER
Ernesto Araújo afirmou à CPI que não encaminhou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) carta na qual a Pfizer oferecia negociação sobre vacinas porque presumiu que ela já havia sido entregue ao mandatário. A farmacêutica enviou documento ao presidente da República com cópia para a Embaixada do Brasil em Washington, que a encaminhou a Ernesto.
Após ser questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-ministro das Relações Exteriores disse que não mandou o texto a Bolsonaro porque ele já estava copiado como o destinatário da carta. "Presumia que o presidente da República já soubesse", afirmou o ex-chanceler.
SUSPENSÃO
A sessão da CPI chegou a ser suspenda no início da tarde por causa de discussão entre os senadores. A discussão começou após Otto Alencar (PSD-BA) questionar informação de Eduardo Girão (Podemos-CE), sobre o Brasil ser o quarto país que mais vacinou no mundo. O senador baiano argumentava que se deveria considerar a primeira e a segunda dose e não apenas a primeira.
Otto Alencar também afirmou que quem receita hidroxicloroquina é "charlatão", resultando na reação de Girão, que havia defendido o medicamento anteriormente. Girão então afirmou que as investigações da CPI vão chegar ao consórcio do Nordeste e à Bahia, sugerindo que Alencar queria proteger seu aliado político estadual. Alguns minutos depois da suspensão, a sessão foi retomada.