Acusado pelo Ministério Público de comandar junto com o pai, o deputado federal Boca Aberta (Pros), e a mãe, a vereadora Mara Boca Aberta (Pros), um esquema de rachadinha em seu gabinete, o deputado estadual Boca Aberta Jr. (Pros) pode entrar na mira da Corregedoria da Assembleia Legislativa. Procurado pela FOLHA, o corregedor do órgão, deputado Ricardo Arruda (PSL), disse que vai solicitar aos promotores informações sobre a denúncia, sem garantir, porém, que alguma investigação interna será aberta.

Imagem ilustrativa da imagem Corregedoria da Assembleia vai pedir informações ao MP sobre possível 'rachadinha' de Boca Aberta Jr.
| Foto: Reprodução/Alep

A reportagem pediu uma entrevista por telefone, mas o parlamentar se pronunciou somente por nota, sem especificar quando e quais são os detalhes que pretende pedir. O MP afirma que assessores de Boca Aberta Jr. eram obrigados a dar parte de seus salários para pagar contas pessoais da família Boca Aberta, como IPTU, água e luz. Os vencimentos dos funcionários comissionados também eram usados para comprar cestas básicas, que eram doadas a famílias carentes da cidade.

Os promotores Renato de Lima Castro e Ricardo Benvenhu querem o bloqueio de bens dos acusados. A denúncia tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública de Londrina, mas o juiz Emil Tomás Gonçalves ainda não tomou nenhuma decisão. Representando a família, Boca Aberta negou as acusações e disse que “está sendo perseguido pelo Ministério Público”.

Kits esportivos

Boca Aberta Jr. é alvo de outra ação junto com uma assessora, também por improbidade administrativa. Segundo o MP, ele desviou kits esportivos da Paraná Esporte, órgão que pertence ao Governo do Paraná, recebidos por cinco colégios estaduais de Londrina. A investigação mostrou que a quantidade destinada é bem menor do que realmente foi entregue.

Dos materiais selecionados, como camisas, calções e bolas de basquete, dentre outros, o Ministério Público apurou que 65% foram desviados pelo parlamentar. Ele também é acusado de ter enganado os diretores das instituições de ensino, omitindo o real montante que seria repassado aos alunos.

O deputado e a funcionária já tiveram mais de R$ 204 mil bloqueados pela Justiça. No entanto, o juiz Emil Gonçalves declarou-se incompetente para dar andamento ao processo. Ele repassou o caso para uma das Varas da Fazenda Pública de Curitiba.

Questionado sobre esse assunto, o corregedor da Assembleia explicou que não pode instaurar nenhuma sindicância contra Boca Aberta Jr. Na nota enviada à FOLHA, Ricardo Arruda disse que “está impedido de atuar em supostas ilegalidades ocorridas fora da Assembleia Legislativa, como determina o Regimento Interno”.

A assessoria de imprensa apenas informou que “a Assembleia Legislativa não faz parte do processo e não tem conhecimento sobre o questionado. Não tendo sido notificado, não cabe ao Legislativo comentar sobre o assunto”.