O Ministério Público de Londrina, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), pediu ao juiz da 2ª Vara Criminal, Delcio Miranda da Rocha, a condenação dos 13 réus da Operação ZR3, deflagrada em janeiro de 2018 contra um possível grupo criminoso que agia para obter vantagens na aprovação da mudança de projetos de zoneamento na Câmara Municipal. Entre os acusados, estão os vereadores Rony Alves (PTB) e Mário Takahashi (PV), que na época era presidente do Legislativo.

Imagem ilustrativa da imagem Com processo na etapa final, MP pede perda de mandatos de vereadores em ação da ZR3
| Foto: Arquivo FOLHA

A solicitação foi encaminhada em julho deste ano, mas, passados quase dois meses, o magistrado não tomou nenhuma decisão. Ele aguarda a manifestação dos advogados de defesa. No documento, que tem mais de 500 páginas, o MP pede em separado a perda dos mandatos de Alves e Takahashi, além de Evandir Duarte de Aquino, que era chefe de gabinete do petebista na Câmara, e Ossamu Kaminakagura, ex-servidor da Secretaria Municipal de Obras.

Os promotores querem ainda que Cleuber Brito, ex-secretário do Ambiente na gestão de Alexandre Kireeff, Ignes Dequech, ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), e Luiz Guilherme Christino Alho da Silva, ex-integrante do CMC (Conselho Municipal da Cidade), sejam impedidos por oito anos de exercerem cargos públicos.

Para o coordenador do Gaeco, Jorge Barreto, "as provas produzidas durante a investigação foram confirmadas nas audiências do processo criminal, comprovando a formação da organização criminosa e dos atos de corrupção, tanto passiva quanto ativa, dentre outros delitos que nós pedimos a condenação. Para os agentes públicos, como os parlamentares, solicitamos que eles percam os mandatos como consequência da possível sentença condenatória", pontuou.

"A moralidade na administração é uma conquista do povo e do processo democrático, que vai sendo construído paulatinamente. A corrupção é uma chaga que serve para destruir o sentimento de respeito que o povo tem pelos poderes constituídos, órgãos da administração pública e seus servidores e constitui um retrocesso para a democracia, que fica desacreditada como sistema de governo", escreveram os promotores ao enviarem as alegações finais ao juiz.

Nenhum dos réus é monitorado por tornozeleira eletrônica. Apenas Rony Alves foi preso pelo Gaeco em dezembro de 2018 por supostamente ameaçar o agricultor Junior Zampar na frente de um banco da avenida Santos Dumont, zona leste de Londrina. Zampar foi o delator do possível esquema ilícito, que culminou na deflagração da ZR3.

O que dizem os citados

Procurado pela FOLHA, o advogado Michel Neme Neto, que defende Mário Takahashi, informou que "a condenação pedida pelo MP não tem prova nenhuma, apenas suposições. Vamos apresentar todas as teses no momento oportuno".

A defesa de Ossamu Kaminakagura, representada pelo advogado Gabriel Bertin de Almeida, afirmou discordar integralmente das alegações apresentadas pelo Ministério Público e que as provas dos autos mostraram que ele não praticou crime algum. Por isso, espera pela sua absolvição.

Segundo o advogado de Cleuber Brito, Rodrigo Antunes, "a instrução processual demonstrou, com os próprios depoimentos das testemunhas da acusação e defesa, que Cleuber é inocente e não praticou qualquer conduta irregular, tratando-se de profissional exemplar e correto".

O advogado do vereador Rony Alves, Maurício Carneiro, disse que vai provar, nas alegações finais, que não há nada contra o seu cliente.