SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma carreata em apoio a Operação Lava Jato reuniu mais de 200 carros em São Paulo neste domingo (6), segundo o movimento Vem Pra Rua, um dos responsáveis pela organização do protesto.

As carreatas lavajatistas, organizadas por movimentos anticorrupção em geral, se repetiram ao longo do dia em outras 24 cidades de 15 estados.

A manifestação ocorre no momento em que a continuidade e o tamanho da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba estão sob ameaça do procurador-geral da República, Augusto Aras. Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Aras é considerado um inimigo pelos lavajatistas.

Segundo o Vem pra Rua, fundado em 2014, estão em curso seguidas tentativas de desmonte da Lava Jato, "seja por parte de ações do Ministério Público e do ministro da Justiça [André Mendonça], seja por perseguição e campanhas regulares de difamação dirigidas aos principais atores da operação, como o procurador Deltan Dallagnol".

As carreatas foram acompanhadas por uma live do Vem Pra Rua com a participação de juristas defensores da Lava Jato. O ex-juiz Sergio Moro, que deixou a operação para ser ministro de Bolsonaro e, depois, rompeu com o presidente, enviou um vídeo de agradecimento.

"A Operação Lava Jato foi a maior operação anticorrupção da história do Brasil e infelizmente sofrendo alguns revezes agora neste momento. Todo apoio é bem-vindo. Tudo isso faz parte de uma agenda maior anticorrupção, que precisa de aprovações de lei no Congresso, como a PEC da segunda instância", disse Moro.

"Sempre importante não ofender, não xingar, não usar mensagens de ódio, mas sim de apoio a fazer a coisa certa", completou em relação às manifestações.

Em São Paulo, liderada por um caminhão de som, a carreata partiu do Pacaembu, às 11h, e terminou em frente ao Ibirapuera, duas horas e meia mais tarde. Cartazes pediam "fora, Aras". Os carros levavam bandeiras do Brasil.

O formato de carreata foi escolhido devido a pandemia do coronavírus. Em Brasília, a carreata terminou em frente à Procuradoria-Geral da República, com buzinaço.

A força-tarefa da Lava Jato no Paraná já teve a estrutura prorrogada por sete vezes. O prazo de encerramento das atividades do grupo expira no próximo dia 10.

Na terça-feira (1º), a subprocuradora-geral da República Maria Caetana Cintra Santos decidiu de forma liminar (provisória) prorrogar a Lava Jato por um ano. Aras ainda não se pronunciou sobre a decisão de Caetana.

Nos últimos dias, a Lava Jato sofreu uma série de reviravoltas. O procurador Deltan Dallagnol anunciou na terça sua saída da força-tarefa no Paraná. Ele continuará atuando no Ministério Público Federal, mas em outros casos.

Em vídeo, o procurador afirmou que o desligamento se deve a um problema de saúde de sua filha de um ano. Deltan, no entanto, enfrentava um processo de desgaste no cargo.

Nos últimos meses, o procurador enfrentou o avanço de ações contra ele no Ministério Público e se envolveu em conflito com Aras sobre o sigilo dos dados sob investigação na força-tarefa em Curitiba. Ele aguardava processos que poderiam afastá-lo da Lava Jato.

Aras e a força-tarefa de Curitiba travam uma disputa no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o compartilhamento de provas e dados sigilosos de investigados, solicitado pelo PGR e negado pela força-tarefa.

Além disso, na quarta-feira (2), os oito procuradores da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo pediram para deixar seus cargos no grupo. A decisão é uma resposta a divergências com uma procuradora com quem eles compartilham o núcleo do Ministério Público Federal em São Paulo responsável por casos da operação.