‘‘Esse é o retrato do Brasil: uma droga’’
(Da jornalista Eleonora Pascoal, apresentadora do ‘‘Fala, Brasil’’, da TV Record, ao comentar apreensão de drogas pela polícia)

Estranho poder
Deputados da CPI do Narcotráfico já estranham as circunstâncias da queda do ministro da Justiça, José Carlos Dias, após uma trombada com o secretário Nacional Antidrogas, Walter Maierovich.
O ministro e a Polícia Federal reclamaram do estranho hábito de revelar previamente as ações de repressão ao tráfico. Na última vez, os produtores de maconha tiveram todo o tempo para sumir, antes da tal ‘‘Operação Mandacaru’’, em Pernambuco.

Sonho realizado
FHC não quis correr o risco de novo vexame, com três ou quatro convites recusados, e telefonou para quem há muito sonha – e luta – para ser ministro da Justiça. Na primeira conversa com José Gregori, o presidente até fez piada disso. O pavão Gregori, é claro, achou a maior graça.

Obstáculo removido
FHC deixou o ministro José Carlos Dias pendurado na brocha, exatamente como o fez com o seu antecessor, Renan Calheiros, que também enfrentou o esquema Maierovich–general Alberto Cardoso.
Dócil, o novo ministro Gregori não resistirá à transferência do controle da Polícia Federal ao general Cardoso, como Dias e Calheiros o fizeram.

Outro neto de Arraes...
Depois de ver um neto celebrizado pelo escândalo dos precatórios (o ex-secretário da Fazenda Eduardo Campos, atual deputado federal pelo PSB), o ex-governador Miguel Arraes pode assistir outro neto, Antônio Campos, depondo em CPI, a dos Combustíveis, que apura na Assembléia Legislativa de Pernambuco os crimes de sonegação fiscal cometidos pelos donos de postos, no Estado.

...enrolado em CPI
A CPI da Assembléia pernambucana já descobriu um documento em que o presidente do Sindicato dos Revendedores solicita os serviços do escritório de advocacia de Antônio Campos, irmão de Eduardo e neto de Miguel Arraes, para a recuperação de créditos tributários.
Enfrentando dificuldades, alguns postos vendiam esses créditos a terceiros com 30% de deságio, o que é ilegal. A CPI estima que a sonegação no Estado ultrapasse os R$ 402 milhões.

Prato feito
No caso da pensão Brasal, do rei das quentinhas Jair Coelho, a conhecida expressão PF ganha um novo sentido. Por Fora.

Era só apurar
Na reportagem sobre Tomás, filho de FHC com Míriam Dutra, repórter da TV Globo, alguns jornalistas importantes apresentaram uma desculpa esfarrapada para ignorar o assunto: segundo eles, na certidão de nascimento do garoto consta o nome de outro ‘‘pai’’. Não é verdade.
Tomás Dutra Schmidt foi registrado no Cartório de Marcelo Ribas, em Brasília, apenas como filho de Míriam. Veja o documento na seção ‘‘Dossi꒒, do site www.claudiohumberto.com.br

É direito, é gratuito
Até parece que Dona Ruth Cardoso estava adivinhando, quando aceitou presidir a solenidade de lançamento do programa ‘‘Registre seu filho’’, do Ministério da Saúde, em novembro do ano passado no auditório do STJ.
‘‘A certidão de nascimento é um direito e é de graça’’, dizia o cartaz, feito sob medida para o maridão mão-de-vaca, que tenta esconder seu filho de quase 9 anos, hoje vivendo em Barcelona, na Espanha.
Ilustrava-o uma foto de um menino empunhando a bandeira do Brasil.

Liberdade condicional
O governo Garotinho tem uma atração fatal por penitenciárias.
Depois do bafafá em torno da reconstrução do Presídio da Ilha Grande, no litoral fluminense, o governador pensa em construir uma casa de custódia, ou melhor, duas, no município de Rio Claro. A cidade está à beira do motim, porque quer expandir o turismo e não a criminalidade.
O prefeito diz que está com a população e não abre. É esperar para ver.

Liberdade vigiada
Terá até lojas de discos a nova sede da Assembléia Legislativa de Vitória (ES), que custou R$ 50 milhões ao Erário. São três prédios: o maior, com nove andares, abrigará 50 gabinetes para os ilustres deputados. Nove elevadores servem às Suas Excelências, e o do presidente da AL, José Carlos Gratz, é panorâmico. Só não tem vidros blindados, como os que foram instalados no plenário, separando as galerias, a exemplo do Congresso. O Capitólio, em Washington, perde.

Pensando bem...
... se nossa Justiça tivesse a majestade de seus palácios, o Brasil seria um verdadeiro império da lei.

Correndo frouxo
Não é das melhores, nos tribunais, a reputação da área jurídica da Caixa Econômica Federal. Os juízes já não escondem o que pensam:
– Não se consegue encontrar sequer um recurso da Caixa que tenha fundamentação adequada. Às vezes até tem direito, mas perde por isso.
O desabafo foi do ministro Carlos Alberto Menezes Direito, durante sessão do Superior Tribunal de Justiça, esta semana.
Não é à toa que o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, resolveu centralizar tudo no seu gabinete.

Aula de História
A sessão especial da Câmara dos Deputados em homenagem ao pernambucano Gilberto Freyre, nesta terça, foi uma verdadeira aula de História. Considerado um dos mais completos intelectuais na Câmara, o alagoano Aldo Rebelo (PCdoB-SP) impressionou pelo conhecimento da obra do sociólogo, autor de ‘‘Casa Grande e Senzala’’.

Avião da alegria
A pergunta que não quer calar: será que a amiga de FHC, a argentina Alejandra Herrera, a quem a Agência Nacional de Telecomunicações paga R$ 12,6 mil por mês, também faz parte da farra de mais de cem funcionários levados de Brasília ao Rio de Janeiro à custa do erário?

PODER SEM PUDOR
Povo, um detalhe
O ex-ministro Armando Falcão, aquele que nada tinha a declarar, foi candidato ao governo do Ceará em 1954. Na ocasião, ele pediu a um amigo, deputado estadual Ernesto Gurgel Valente, que o ajudasse a organizar um comício de arromba. É claro que o deputado o atendeu, providenciando palanque, som, iluminação, tudo. Só faltou um detalhe:
– E o povo, seu Ernesto, cadê o povo? – cobrou Falcão, ao chegar.
– Se eu tivesse a capacidade de trazer povo para comício, Armando, o candidato não seria você. Seria eu.
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