Cláudio Humberto (De Brasília)
PUBLICAÇÃO
sábado, 08 de abril de 2000
Não estamos buscando popularidade fácil; não somos demagogos
(Do ministro Pedro Malan, na sua cruzada em defesa do mínimo miserável de R$ 151)
Voando baixo
Após lutar pela presidência da Infraero, Tércio Ivan Barros se contentou com a Diretoria Comercial, vencendo resistências na Aeronáutica. E não era para menos: Tércio é apadrinhado de Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL e ambos são ligados a Jonas Barcellos e a empresas do setor, como a Brasif, que controla os free-shops dos aeroportos, e a RA, que fornece a comissaria para empresas aéreas. Sem contar que os três têm digamos interesses na Inepar e na Master Estacionamentos.
Caros amigos. Mesmo
No pestilento submundo do lobby, em Brasília, já chegou aos sete dígitos a oferta para quem conseguir impedir a publicação do escândalo Tomaz.
O que falta para o filho, pelo visto, sobra para quem não falar dele.
Dr. Motosserra
É tão rápido no bisturi quanto na motosserra o médico paranaense Randas Batista, internacionalmente conhecido por ter revolucionado as cirurgias cardíacas, criando uma técnica que consiste em retirar um pedaço do coração do paciente. Batista foi multado em R$ 155 mil pelo Instituto Ambiental do Paraná (Iap) porque na fazenda em que mora, em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, ele mandou derrubar 693 fantásticas araucárias, árvore-símbolo do seu Estado.
Maluf no ventilador
A julgar pela primeira reação, o livro que o ex-genro e ex-tesoureiro de Paulo Maluf promete escrever vai exalar odores desagradáveis.
No dia em que a colunista Mônica Bergamo divulgou a novidade, Marco Antônio Michaluate passou o dia inteiro no trono, com dor de barriga.
Asas da discriminação
A Varig e suas congêneres continuam cobrando os olhos da cara dos brasileiros, mas tratam estrangeiros a pão-de-ló.
Segundo a promoção Airpass 500 da Varig, o europeu paga míseros 450 dólares (cerca de 800 reais), viaja ao Brasil e, durante 30 dias, pode visitar quantas cidades quiser, de norte a sul. A mesma Varig cobra 550 dólares (990 reais) dos brasileiros por uma passagem RioFortalezaRio.
E o presidente da Embratur, Caio Luiz de Carvalho, ainda mantém a esperança de incrementar o turismo interno no Brasil.
O beato Cutolo
Um líder governista na Câmara, que representa o Nordeste e já andou às turras com o presidente da Caixa Econômica Federal, Emílio Carrazai, comemorou a inclusão do nome do desafeto entre os suspeitos de envio de dinheiro ao exterior. Feliz, ele prevê:
Depois do Carrazai, Cutolo corre o risco de ser beatificado.
Referia-se ao ex-presidente Sérgio Cutolo, aquele que não é nada bobo.
A Nicéa de Belém
A Câmara Municipal de Belém (PA) vai instaurar uma CPI, nos próximos dias, para investigar o envolvimento da ex-mulher do prefeito Edmilson Rodrigues (PT) no lobby a favor do principal fornecedor de leite para as escolas do município. Ela se chama Joana DArc e é a mesma que há dias tentou ser recebida pelo prefeito e se deu mal: o secretário da Educação (repito, E-du-ca-ção) aplicou-lhe um violento tabefe.
TV Social
O vice-líder do PFL, senador Romero Jucá, talvez tenha que explicar ao TCU onde foram parar R$ 300 mil que o extinto e malfalado Ministério da Ação Social enviou há oito anos para a Fundação Roraima, da qual ele e a mulher, Teresa, são sócios. Curiosa Fundação essa, dona da TV Caburaí, que não pratica nenhuma ação pelo social. Curiosa também a liberação da verba pelo MAS e muito esquisita a desistência do ministro do TCU, Marcos Villaça, escolhido para relatar o processo. Outro terá que fazê-lo. Quem sabe isso não explique o talvez no início da frase?
Brasília se afoga
É grave o fenômeno de mortes por afogamento em Brasília: em 1999 morreram 78 pessoas no lago Paranoá e nas piscinas da capital, enquanto no mesmo período faleceram sete vezes mais pessoas afogadas em todo o litoral do Rio de Janeiro (13). Isso é ainda mais expressivo se se considerar que a população do Distrito Federal (1,6 milhão) é oito vezes menor que a do Estado do Rio (13 milhões).
Militância precoce
O líder tucano no Senado, José Roberto Arruda (DF), foi com a mulher, atriz Mariane Vicentini, ao Teatro Galeria, no Rio, assistir à peça A lira dos 20 anos, sobre a luta de jovens dos anos 60 contra a ditadura. Segundo Danuza Leão, do JB, Arruda não parava de fazer comentários do tipo eu estive lá, ao ver a encenação das manifestações de protesto.
Precoce, o senador. Nascido em 1954 em Itajubá (MG), ele tinha 10 anos no golpe militar 64 e 14 quando nasceram o AI-5 e os tempos de chumbo.
Arrumado, ele está
A propaganda do governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, repete incessantemente que, lá, a casa está arrumada. Só se for a dele.
O seu governo continua pagando salários miseráveis aos servidores e, só para citar o exemplo da área de segurança, no Mato Grosso falta tudo: viaturas, gasolina, policiais, munição etc.
Prefeito quente
O prefeito de Cipó, na Bahia, é mais ardido que malagueta. João Pimenta manda prender e arrebentar quem denuncia as bandalhas dele. Tais como dar cheques para alguns protegidos da Prefeitura gastarem com mulheres, desviar recursos do Fundef, não pagar dívidas antigas de campanha e atrasar o pagamento dos servidores municipais. O Ministério Público foi acionado, porque há centenas de denúncias. Pimenta, no entanto, sabe temperar com requinte sua subsistência. Com o salário de R$ 8 mil adquiriu várias propriedades nos últimos anos.
Chama o ladrão
Fica combinado assim. O governador da Paraíba, José Maranhão, quer apurar o narcotráfico no Estado, mas através de um inquérito policial, porque considera CPIs uma fogueira das vaidades. Os deputados também não querem CPI, porque o governo tem maioria. E dizem que esse tipo de investigação está desacreditada, podendo manchar a imagem do Legislativo. O problema é que a ex-titular da Polinter paraibana, Maria Rodrigues, presa no Rio, afirmou que se abrisse o bico, derrubaria quase toda a polícia do Estado. O secretário de Segurança, Pedro Adelson, já tirou o carro e agora a investigação engarrafou.
PODER SEM PUDOR
Diálogo de raposas
Magalhães Pinto era deputado federal e seguia para mais um dia de trabalho, na Câmara, quando se lembrou que era aniversário de José Maria Alkmin, outra raposa política mineira e seu ferrenho adversário. Resolveu que depois mandaria uma mensagem qualquer.
Ao entrar no plenário da Câmara, que funcionava no Rio de Janeiro, ele encontrou o aniversariante:
Parabéns, Alkmin, muitos anos de vida! Recebeu o meu telegrama?
Alkmin foi tão insincero na resposta quanto o adversário na saudação:
Mas é claro, Magalhães. Aliás, de todos que eu recebi, o seu foi o que mais me emocionou.