‘‘Os gastos brasileiros nunca foram e não são tema do FMI’’
(Do ministro Pedro Malan, de modo algum sincero e com pose de candidato a presidente)

Manda quem pode
Candidatíssimo em 2002, o ministro Pedro Malan não submeteu previamente a FHC sua nota contra o representante do FMI no Brasil, Lorenzo Perez, que criticou o Fundo de Combate à Pobreza.
Mas conversou demoradamente com ACM, na véspera.

Olha quem está falando...
Condenar a ousadia das críticas do FMI é como falar de corda em casa de enforcado.

Que remédio?
O ministro José Serra, da Saúde, pode não gostar da idéia, mas o seu desafeto Pedro Malan, que não tem legenda (sequer é filiado ao PSDB) tornou-se mesmo um candidato genérico.

O feitiço do Fundo
Quem diria que o FMI ajudaria futuros candidatos à presidência no Brasil? Estão todos concorrendo pela Frente Manipuladora de Ingênuos.

A senha da impunidade
A presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, desembargadora Agda Passos, criticou a imprensa pelo que chamou de ‘‘espetacularização’’ da roubalheira dos recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), do MEC. E ameaça ‘‘não condenar’’ nenhum dos prefeitos acusados ‘‘sem provas’’. Como se a Justiça fizesse tal disparate.

A senha do nepotismo
O mesmo TJ cearense prepara um autêntico trem da alegria, inventando uma forma curiosa de promover ‘‘concurso público’’ para oficiais de justiça no Estado. Os agraciados serão escolhidos pelos juízes, com o referendo de um promotor e de um advogado. A gracinha começa por Viçosa do Ceará, terra da desembargadora Agda.

Nem pensar
O ministro Raul Jungman (Desenvolvimento Agrário) não quer nem saber da armação para fazê-lo candidato a senador em Roraima, como pretendem o senador tucano Romero Jucá e sua mulher Teresa, atual assessora do ministério e candidata a prefeito de Boa Vista.
Aliás, Jungman só a nomeou porque recebeu a garantia de que não era candidata. É um crente.

Como siameses
O cineasta Júlio Bressane (‘‘Matou a Família e foi ao Cinema’’, ‘‘Miramar’’, ‘‘São Jerônimo’’ etc.), que acaba de retornar da Holanda, virou uma espécie amigo-irmão do misterioso Jorge Serpa, aquele que escreveu o discurso do ‘‘choque de capitalismo’’ de Mário Covas, em 1989, e que faz a cabeça de gente poderosa, como o Dr. Roberto Marinho.
Bressane e Serpa, imaginem, agora vão juntos ao cinema. O último filme que viram foi ‘‘Goya’’, de Carlos Saura.

Palavra de presidente
Não convidem FHC para uma consulta com o cardiologista Adib Jatene, seu ex-ministro da Saúde. O presidente assistiu a entrevista de Jatene a Bóris Casoy, há dias na TV Record, e não gostou de ouvir:
- Não sabia que palavra de presidente não era para ser cumprida.
Foi quando Jatene contou que o presidente lhe prometera que os recursos da CPMF seriam usados exclusivamente nas ações de Saúde.

Trocando as bolas
Enquanto o PFL e o próprio PSDB, partido de FHC, colocam os seus blocos nas ruas, antecipando a longínqua disputa presidencial, Lula chega a Brasília, participa de evento pelos 20 anos do PT e declara:
– Não colocaremos 2002 na ordem do dia. Primeiro vamos discutir 2000.
O momento pode até justificar a inversão de interesses entre a oposição e a base aliada do governo. Mas que parece estranho, isso parece.

Cala-boca, ministro
O ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) afirmou em seminário da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, que o barril de petróleo no mercado internacional ficará estável entre 25 e 26 dólares, este ano.
Enquanto metia o bedelho em assunto que não entende, no mesmo instante o preço do barril já pulava para US$ 27,50.

Clima de guerra
Aumenta o clima de guerra entre parlamentares e magistrados. Além da indefinição do teto salarial, os deputados governistas vetaram um artigo da reforma do Judiciário amplamente defendido pelos juízes: a eleição direta para os cargos de direção dos tribunais estaduais e regionais.
Para o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, desembargador Antônio Carlos Viana, os deputados que se dobram aos interesses do Planalto ‘‘não desejam a democratização do Judiciário’’.

Idéia de jerico
Não convidem Leonel Brizola e o deputado Jair Bolsonaro para visitar o município de Alto Alegre (RR). É que lá existe um assentamento do Incra chamado Paredão.

Conto da corrente
O deputado João Fassarella (PT-MG) encontrou um bom pretexto para se livrar de um funcionário do seu gabinete, em Brasília, e ganhou a antipatia dos servidores da Câmara dos Deputados. O rapaz, humilde e mal pago, caiu na conversa fiada de uma ‘‘corrente’’ da Internet, que promete dinheiro da Microsoft e da Aol para quem re-envia a mensagem a um maior número possível de pessoas. Não houve ônus para o erário, por isso a atitude do deputado foi considerada um exagero.

Duelo de titãs
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) afirmou que o deputado Max Mauro (PTB-ES) foi eleito com dinheiro do jogo do bicho.
O deputado abriu seu sigilo bancário e fiscal para a CPI do Narcotráfico e exige que Camata faça o mesmo. Diz que é uma questão de honra.

O PODER SEM PUDOR

Programa de índio
Durante recepção na embaixada brasileira em Washington, numa visita oficial, Juscelino Kubitschek era apresentado a representantes de nações indígenas, que ali estavam para um show de danças típicas. Primeiro um moicano, depois um apache, até chegar a um sioux, que piscou o olho para JK, discretamente. Por mais bossa-nova que fosse, o presidente estranhou. E a cada rodopio, os acenos e piscadelas ficaram ostensivos. No final, JK já se julgava livre do vexame quando o índio se aproximou:
– Meu presidente, quanta honra conhecê-lo!...
– Alto lá! – reagiu JK, trocando o susto pela curiosidade – Se você é um legítimo sioux, onde aprendeu falar português tão bem?
– Que sioux que nada, presidente – respondeu o cara-pálida – eu sou é cearense. Quase passei fome aqui na América, até que me arrumaram esse emprego de índio. Agora a coisa tá boa, tenho até o seguro social.