‘‘Eu sou pequenininho, doutor; sou só a ponta do iceberg’’
(Fernandinho Beira-Mar, pelo celular via satélite à CPI do Narcotráfico, em Minas)




A cobra vai fumar
A entrevista de ACM à Folha de S. Paulo, há dias, finalmente parece ter ferido os brios de FHC, que cedeu à pressão da família (sobretudo de Dona Ruth e filhas) e decidiu começar o ano-novo com uma atitude nova: fortalecer ao máximo a posição do presidente da Câmara, Michel Temer, transformando-o no principal interlocutor do Planalto no Congresso. Numa conversa familiar, durante a folga de fim de ano, FHC desabafou:
- Com essa entrevista, ele ultrapassou os limites da tolerância.
O problema é que nem a sua família, que o conhece tão bem, acredita na súbita valentia de FHC.

Agora é pra valer
Corre em segredo de Justiça, em São Paulo, o processo de separação do casal Nicéa e Celso Pitta. Até onde possível, o litígio se encontra nos limites da civilidade.

Espírito de anão
Ex-executivos da célebre empreiteira OAS criaram uma construtora, no Nordeste, que virou o xodó do pessoal do Orçamento. Nem com anão João Alves na ativa havia uma relação tão proveitosa.

Idéia foi de Arruda
FHC foi na conversa do líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), e quis dar um pulinho em Itajubá (MG), para vistoriar os estragos provocados pelas chuvas. Arruda nasceu em Itajubá. FHC não apenas não conseguiu concretizar a visita como ainda levantou a bola para Itamar Franco, retirando-o da letargia e oferecendo-lhe palco:
- É um ato demagógico e provocativo! – atacou o governador.
Arruda sabe que um vexame ninguém esquece.

Papo furado
Na sua campanha, em 98, o governador do Acre, Jorge Viana (PT) encantou os eleitores com uma lorota: se eleito, garantia a geração de 40.000 empregos no Estado. Um ano após a sua posse, e apesar de sua amizade colorida com FHC, até agora, nada. Para finalmente cumprir sua promessa, Viana precisa criar 13.000 empregos por cada um dos três anos que lhe restam. Façam as apostas.

Tragicômico
Leitor do Rio de Janeiro, indignado com a pancadaria no forte de Copacabana, ainda encontrou um jeito de fazer humor:
- Só não espancaram os garçons porque têm horror a self service.

Rejeição explícita
Moradores da Rua Joaquim Nabuco, nas proximidades do forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, ainda estão roucos de tanto vaiar e xingar FHC, à sua chegada para o réveillon, dia 31. Os gritos só foram sufocados tempos depois, pelo show pirotécnico da meia-noite.

Impunidade no Senac
O auditor Luiz Fernando Vieira Caldas, que descobriu funcionários fantasmas na Regional do Senac do Paraná, em 1997, desvio de cerca de R$ 900 mil e demissões irregulares, ainda tenta – inutilmente – que os responsáveis sejam punidos. Até agora só conseguiu ser demitido. Pudera: entre os ‘fantasmas’ mais ilustres estava a dentista Léa Lerner, irmã do governador Jaime Lerner. O então presidente do Senac, Abrão José Melhem, foi apenas afastado e virou juiz classista. Foi substituído por Érico Mórbis, que também foi denunciado.

Leão farejador
A área de inteligência da Receita Federal está recolhendo notícias sobre políticos e empresários brasileiros que se esbaldaram no réveillon. As festanças em Punta del Leste, no Uruguai, são as que mais chamam a atenção dos caçadores de sinais exteriores de riqueza.

Lição
Repercute positivamente a atitude correta do jornalista Evandro Carlos de Andrade, diretor de jornalismo da Globo, de colocar no ar a gravação em que o ex-presidente João Figueiredo ataca Roberto Marinho.

Jovem centenário
Aos 102 anos de idade, o escritor José da Silva Martins vai lançar em fevereiro o seu livro mais recente, ‘Breviário da Meditação’, sob os auspícios da Secretaria de Educação de São Paulo. Ele nasceu em junho de 1898 e é pai do jurista e poeta Ives Gandra Martins. Lançou seu primeiro livro, ‘Sabedoria e Felicidade’, aos 84 anos, o que lhe valeu registro no ‘Guiness Book’, o livro dos recordes.

É só patriotada
Setores da imprensa carioca exercem pura patriotada, fazendo coro a uma nova mentirinha do governo do Rio: ao contrário do que difundem, os jornais ingleses não deram a mínima para o réveillon em Copacabana.
O ‘Daily Mirror’ foi o único a elogiar, enquanto o vetusto ‘The Times’ deu nota 4 e os demais (‘The Guardian’, ‘The Observer’, etc) sequer citaram a festa entre as melhores do planeta.

Babala paraguaia
Caso FHC tenha se decepcionado com as previsões de Alejandra Herrera ou o bruxo espanhol do ministro José Serra já não esteja com aquela bola de cristal toda, uma curandeira em Concepcion anda fazendo milagres. Rufina Vera tem entre seus clientes o ex-ditador Alfredo Stroessner e dezenas de brasileiros e argentinos. E o melhor: não cobra nada pelas curas espirituais, o cliente dá o que puder.

Comédia celular
O telefonema do supertraficante Fernandinho Beira-Mar já rendeu um fruto ao menos para a CPI do Narcotráfico em Minas. Os deputados vão pedir a quebra do sigilo bancário do tabelião Wesley Silva, de Betim, apontado como sócio de Fernandinho em dois bingos (ah, os bingos...). Wesley já prestou depoimento na PF. Passou batido pela CPI, nega a sociedade e jura: o negócio, com um primo do bandidão, foi para o brejo. O delegado Cláudio Dorneles acha que Fernandinho fala mal da PF porque tem medo de ser apanhado. Para isso, basta obter da empresa Iridium autorização para a quebra de sigilo telefônico do ilustre cliente.

O PODER SEM PUDOR


Gafe geográfica
Loureiro Júnior, genro de Plínio Salgado, célebre ‘galinha verde’ integralista, estava em campanha política pelo Nordeste. Em Penedo (AL), às margens do Rio São Francisco, ele iniciou seu discurso:
- Alagoanos de Propriá...
- Não é Propriá, é Penedo – alguém cochichou ao seu lado.
Propriá fica em Sergipe, no outro lado do rio. Loureiro se recompôs:
- Sergipanos de Penedo...
O assessor perdeu a paciência com a ignorância do orador:
- Ô Loureiro, presta atenção: não é Sergipe, é Alagoas, caramba!
O orador resolveu não criar mais confusão:
- Brasileiros!...

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