Cláudio Humberto (De Brasília)
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 04 de janeiro de 2000
Estou otimista, mas não posso garantir resultados
(Do presidente da Câmara, Michel Temer, sobre os projetos a serem votados nas sessões extras, que começam nesta quarta)
Propaganda enganosa
Deveriam advertir que papai do céu ralha com Garotinho que mente.
Na TV, a propaganda do governador Anthony Garotinho pergunta: Você quer casa? A resposta é uma lorota: diz que o Estado já construiu 5 mil e construirá até o final do governo 100.000, investindo R$ 350 milhões.
Faltou avisar a Companhia Estadual de Habitação (Cehab), cujo site na Internet diz que até agora apenas 119 casas estão em construção e só há projetos a serem aprovados de 1.236 habitações. Que coisa feia...
Atenção ao exagero
Os relatos da agressão da Polícia do Exército a fotógrafos no Forte de Copacabana, na noite de 31, foram tão exagerados quanto a ação dos militares para imobilizar Fernando Bizerra Jr., do Jornal do Brasil. Segundo jornalistas que testemunharam o incidente, o fotógrafo baixinho, de 21 anos, reagiu agressivamente quando os militares tentaram impedir o registro da iminente queda de toldos armados para o réveillon de FHC. Como Bizerra se debatia, os militares ficaram ainda mais ríspidos e a imobilização degenerou em agressão. Ou quase isso.
Medalha no peito
Após o incidente, que durou cerca de quinze minutos, tudo voltou à normalidade e os repórteres agredidos circularam normalmente no local, incluindo Bizerra Jr. e sua colega Sheila Chagas, free lance da editora Abril que foi arrastada pelos cabelos ao tentar registrar a confusão. Não pareciam machucados. Sequer houve a preocupação de registrar queixa, nem de fazer exame de corpo de delito. Diante dos colegas, o jovem Bizerra jactava-se da experiência heróica de haver enfrentado e tomado sopapos de militares, como na ditadura.
Culpa da imprensa
Um oficial do Exército a serviço do Palácio do Planalto, com livre acesso ao gabinete do presidente, a culpa pelo incidente é da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, que não destacou nenhum dos seus funcionários para assistir aos jornalistas credenciados, como acontece em todos os eventos aos quais FHC comparece. A reportalhada ficou à mercê da segurança, que é inexperiente nesse relacionamento, justificou.
Como na ditadura
Pelo sim pelo não, a truculência da segurança de FHC é velha conhecida dos jornalistas. Na posse do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Velloso, em maio do ano passado, eles distribuíram socos e cotoveladas em quem estava por perto. Uma das vítimas, atingida com um soco no peito, foi ninguém menos que a jornalista Ana Tavares, secretária de imprensa e alter ego de FHC. Ela entrou no STF aos gritos:
- A ditadura acabou! Vocês não mandam em mais nada, seus...
Ninguém foi punido.
Toc, toc, toc
O pé de FHC anda cada vez mais gelado. Aonde ele vai não cresce grama, venta, chove, a luz acaba, o pau come. Que o digam os cariocas das proximidades do Forte Copacabana, num réveillon debaixo dágua, com vendaval e sem energia.
Santa da discórdia
O grande mico do governo brasileiro, ao presentear o Papa com uma imagem do patrimônio histórico, talvez tenha uma explicação divina. Ou maldição, por linhas tortas. SantAnna foi vendida ao antiquário de Virgínia Arruda em Brasília, porque o antigo proprietário da imagem, que mora no Rio, deixou de ser católico. Agora é protestante.
Filme queimado
Isso é que é prestígio. Defenestrada pelo chefe, o ministro da Defesa, depois do ultimato presidencial na base do ela ou você, a ex-assessora de Élcio Álvares não apenas foi ao réveillon dos trapalhões no forte de Copacabana, como abraçou e tirou fotos ao lado de FHC, que nem protestou ou se fingiu de morto.
Bug atrasado
O primeiro bug do ano 2000 responde por Nova Dutra, que posta à prova em três dias de chuva constante, demonstrou que ainda não está preparada para alterações climáticas que produzem as eternas queda de barreiras e alagamentos. A principal rodovia do País está paralisada, os caminhoneiros enfrentando grandes prejuízos e os exaustos passageiros que voltam para casa depois das Festas, bloqueados na estrada ou esperando sinal verde para deixar as rodoviárias.
O nome dele é Moreira
Safado, ordinário. Nossa, o ex-governador Moreira Franco anda malfalado até em boca de defunto.
Sorry, periferia
Os jornais ingleses praticamente ignoraram o réveillon do Rio, elegendo Moscou, Londres e Paris como os maiores espetáculos da Terra. Só o The Independent falou que milhões de pessoas lotaram a praia de Copacabana, que tem 20 quilômetros de extensão...
Agente infiltrado
O que fazia aquela bandeirinha vermelha sendo agitada no showmício do onipresente padre Marcello Rossi, em São Paulo?
Salve, Acre
Esta coluna tem a honra de estrear no jornal A Tribuna, de Rio Branco (AC), e está agora em 17 Estados e 26 publicações. Saudado por Mário de Andrade como nosso irmão caçula, o Acre foi elevado à condição de Estado em 1962, pelo presidente João Goulart. Os fatos lamentáveis recentemente ocorridos não fazem justiça à sua história de luta pela afirmação brasileira na extrema fronteira oeste. A coluna chega à Terra de Galvez pelas páginas de um jornal independente, profissional, o de maior credibilidade no Estado.
O PODER SEM PUDOR
O castigo de JK
Antes mesmo de ser presidente da República, Juscelino Kubitschek era acusado pelos inimigos de viajar demais. Como governador de Minas, ele adorava viajar no avião do governo, percorrendo o Estado. Certa vez, em 1952, a aeronave que o conduzia fez um pouso de emergência, dando um grande susto nos mineiros. Depois de minuciosa averiguação, constatou-se que o problema foi causado por falha na manutenção. E logo se identificou o técnico responsável pelo parafuso a menos que quase matou o governador JK. Quando todos imaginaram que ele puniria o técnico com uma demissão tão sumária quanto humilhante, JK fez diferente. Publicou no Diário Oficial do Estado um decreto tornando-o integrante permanente de sua comitiva, em todas as viagens.
Se o governador morresse num acidente aéreo, o homem iria junto.