‘‘Ele não seria homem de participar de um processo de fritura’’
(Do ministro da Defesa, Élcio Álvares, sobre FHC e demonstrando que não conhece o chefe)

Surto ameaça o Rio
O risco de epidemia de febre amarela é mais grave no Rio de Janeiro do que na Região Centro-Oeste, onde vários casos já foram constatados, segundo especialistas da Fundação Nacional da Saúde.
É provável que ocorra surto, porque o ministro José Serra desmantelou o esquema de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da febre amarela e da dengue. Ele demitiu 6.000 ‘‘mata-mosquitos’’, só no Rio.
No caso de epidemia seria o caos, com o fechamento das fronteiras e a suspensão do comércio com outros países. Bem, neste caso, pelo menos, FHC teria uma boa desculpa para a redução das exportações.

Panos quentes
O ministro de Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, esteve em Fortaleza nesta sexta para distribuir recursos e levar recados de ACM ao governador Tasso Jereissatti. O visitante teve um particular com o visitado só para dizer que o babalorixá baiano quer paz.
E, no futuro, quem sabe, quer também discutir uma aliança.

A birra de Tasso
Tasso Jeressatti perdeu as estribeiras. Num discurso nervoso, elogiou o ministro Rodolfo Tourinho, que o visitava, e depois pediu licença às senhoras para dizer que estava ‘‘de saco cheio’’ do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. A briga tem nome e sigla: FNE, o fundo constitucional que era controlado pelo Banco do Nordeste e, por lei, é agora da alçada do novo ministério.
A reação colérica do governador é uma de suas características, sempre que perde a batalha. Ou quando não consegue fazer valer sua vontade.

Voando no assunto
O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, garante que a fatídica BR-470 está em bom estado. O trecho da Serra da Santinha, onde morreram 44 turistas argentinos em menos de 24 horas, também não mereceu reparos e o ministro atribuiu ao excesso de velocidade no local a ocorrência de tragédias. Padilha ouviu reclamações do governador Esperidião Amin, que aguarda decisão do Tribunal de Contas de Santa Catarina quanto à cessão da rodovia à iniciativa privada e soube da segunda tragédia durante a inspeção. De helicóptero.

Trânsito interrompido
O ministro dos Transportes bem que poderia examinar o que vem sendo feito com os 15% do valor do pedágio que as concessionárias de rodovias são obrigadas a empregar na conservação das estradas.
Se quisesse realmente, e parece que não quer, Eliseu Padilha descobriria que o buraco é mais embaixo.

O Rio como refúgio
O novelão mexicano que se passava no Brasil, exibido nesta coluna há quase dois meses, terminou com a prisão da vilã, a vigarista e cantora pop mexicana Glória Trevi. Ela e o marido/empresário Sergio Andrade exploravam sexualmente e mantinham em cárcere privado os menores que trabalhavam em seus shows.
A dupla, como ainda acontece nos filmes americanos, escolheu o Rio como refúgio. Num apartamento alugado por US$ 828 em Copacabana, junto com a amiga argentina María Raquel Portillo.

Destino de um ingrato
ACM não quer saber de um amigo a quem estendeu a mão, protegeu e prestigiou.
Trata-se de Pedro Grossi, ex-presidente da Embratur, aquele em quem o general João Figueiredo queria dar uma surra dentro do elevador de seu edifício.
Agora, como se fora um prócer, Grossi articula, no Rio, a candidatura do ministro Paulo Renato, à sucessão de FHC.
ACM perdoa até o traidor, jamais o ingrato.

Empreiteirofobia
O deputado Clementino Coelho (PPS-PE) defende a exclusão de empreiteiras nas obras da ferrovia Transnordestina, antigo sonho na região. Ele acha que a única maneira de evitar a roubalheira é entregar a tarefa ao Departamento de Engenharia do Exército.
O mesmo que se ofereceu ao Ministério da Integração Nacional para fazer a pretendida transposição do rio São Francisco.

O Amapá emudecido
Multiplicam-se as reclamações sobre a queda de qualidade da telefonia, após a privatização do setor. A Telemar, por exemplo, deixou muda por quinze dias a cidade de Santana (AP), e seus mais de 100 mil habitantes. Também naquele Estado, a empresa começou o ano 2000 isolando os municípios de Oiapoque, Calçoene, Serra do Navio, Vitória do Jari e Amapari. Na virada do ano, ninguém dessas cidades conseguiu mandar votos de felicidades para nenhum lugar. Os amapaenses já chamam a empresa de ‘‘Telemᒒ. Põe maldade nisso.

Até aqui, tudo bem
Algo não está batendo nem cheirando bem no governo do Rio. Especialmente nas estatísticas otimistas de redução da violência.
O relatório oficial está cheio de dados aparentemente positivos, mas é só ler com atenção para verificar que os indicadores negativos são mais expressivos e confirmam a pesquisa do Núcleo de Estudo da Violência, da USP, divulgada nesta semana, demonstrando que o Rio é o Estado mais violento do País: foram 60 assassinatos por 100 mil habitantes.

A guerra da Esso
Hélvio Rebeschini, diretor da Esso, garante que a empresa vai ‘‘analisar com cuidado’’ o caso da chantagem que o distribuir do Distrito Federal estaria fazendo contra concessionários de postos, pressionando-os a assinar contratos de gaveta. O fato foi revelado nesta coluna e denunciado pelo empresário Paulo Sérgio Vieira Lima, de Brasília, à direção da Esso. Rebeschini diz que a empresa não faz chantagens, nem impõe contratos de gaveta. ‘‘Ocorre em Brasília apenas uma situação de mercado’’. É mais que isso. O caso já está na Justiça e vai ao Cade, o conselho de defesa econômica do Ministério da Justiça.

Dois pesos
Após uma luta de vários rounds com a imigração inglesa, o peso-pesado Mike Tyson finalmente vai a Londres para enfrentar Julius Francis em Manchester, dia 29. Será seu primeiro combate fora de casa.
Já o ex-ditador Augusto Pinochet entrou numa boa, instalou-se numa mansão, ficou um bom tempo e sai agora de fininho.
Na Inglaterra, pelo visto, Pinochet é gente fina.

O PODER SEM PUDOR

E daí?
A Câmara dos Deputados investigava, na década de 50, as ligações entre o governo Getúlio Vargas e o jornal ‘‘Última Hora’’, de Samuel Wainer. O empresário Francisco Matarazzo foi convocado para depor e ficou sob a mira de Carlos Lacerda, na CPI:
- Sr. Matarazzo, o senhor deu dinheiro ao Samuel Wainer?
- Dei, sim - confirmou, sem pestanejar.
- E por quê? – insistiu Lacerda.
- Dei porque o dinheiro é meu e faço dele o que bem quiser.
E a questão foi encerrada.