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. | Foto: Marcos Zanutto

Membro da Comissão de Finanças e Tributação na Câmara dos Deputados, o deputado federal Enio Verri (PT-PR) diz que os partidos de esquerda apoiam a reforma tributária, que é um dos principais itens da agenda econômica de Brasília para ajustar as contas públicas. Segundo ele, o grupo de oposição ao governo federal, formado por seis siglas (PT, PDT, PCdoB, PSB, Rede e Psol), tende a contribuir com vários pontos das duas propostas que tramitam no Congresso. "Chegou a hora, mas queremos avançar", pondera Verri em visita à FOLHA nessa sexta-feira (4).

Na Câmara, a (PEC 45/2019) apresentada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP) abrange cinco tributos, que seriam transformados em um único, que incidiria sobre o consumo e seria cobrado no destino. Já no Senado, tramita a proposta do ex-deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), em que seriam extintos nove tributos e substituídos por um imposto sobre bens e serviços.

Segundo Enio Verri, as duas propostas têm pontos em comum, mas ele diz preferir a do tucano londrinense. "Elas agilizam o processo tributário, acabam com a guerra fiscal entre os estados e unificam os tributos", defende. Entretanto, o petista faz ponderações ao projeto. "Ela não acaba com a injustiça tributária. Nós queremos avançar no sentido de tributar mais a renda sobre patrimônio e diminuir sobre consumo", salienta ao informar que a intenção não é aumentar impostos. "Hoje os impostos representam cerca de 37% sobre o PIB (Produto Interno Bruto). Queremos manter isso, mas tributando mais os ricos sobre lucros e dividendos."

Diferente da postura do PT contrária à reforma da Previdência, desta vez o grupo de oposição considera que há mais espaço no Congresso para uma contraproposta ao desenho tributário. "O que conseguimos na questão das aposentadorias foi tentar diminuir os danos. Tivemos grandes conquistas ao derrubar a capitalização e conseguimos afastar o aperto para o trabalhador do campo, por exemplo."

Apesar do 'clima de consenso' na agenda econômica, o deputado eleito pela região de Maringá diz que o perigo do atual momento está no discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL), principalmente nas áreas de meio ambiente e política externa. "O que tem segurado hoje o Brasil, eu concordando ou não com a pauta, é o Legislativo. Quem está conduzindo a agenda é o Congresso", avalia.

ELEIÇÕES

Enio Verri é o nome colocado como pré-candidato a prefeito em Maringá e diz que o partido terá candidaturas próprias nas principais cidades do Paraná. A um ano das eleições municipais, o deputado defende o pacto federativo. "É um debate muito mais complicado e profundo. O orçamento é muito engessado. Os prefeitos recebem orçamentos para obras, só que não conseguem arcar com a folha de pagamento. A situação dos municípios hoje é de crise e os Estados, com raríssimas exceções, estão quebrados."

Verri também critica a Lava Jato e os vazamentos de conversas do ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. "Depois de 2020 iremos pensar em 2022. A Lava Jato se comportou como um partido político e isso será comprovado e o ex-presidente Lula sairá da prisão em breve. Esperamos que ele seja nosso candidato, caso não seja teremos o Fernando Haddad (PT)."