Cândido reage e ataca seus opositores
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 22 de março de 2000
Emerson Cervi
De Curitiba
O ex-secretário de Segurança Cândido Martins de Oliveira rompeu ontem o silêncio dos últimos dias e saiu atirando contra pessoas que o criticaram nos últimos dias. As afirmações foram feitas logo após a solenidade de transmissão do cargo a José Tavares. Cândido disse que na condição de cidadão comum passará a cobrar a instalação de uma CPI na Assembléia Legislativa, para apurar o envolvimento da polícia no tráfico de drogas. Os principais alvos do contra-ataque de Cândido Martins foram os integrantes da CPI do Narcotráfico, os líderes do PMDB que classificou de a ralé do partido no Paraná , o Ministério Público (MP) e o Judiciário.
Cândido classificou de frouxo o MP e afirmou que o Judiciário é um poder sem coragem, na concessão de mandados de prisão, atendendo pedidos da CPI. Os ataques também foram dirigidos à imprensa e à articulação política do governo Lerner.
Serei leal ao político Jaime Lerner até o final, mas agora que não sou mais secretário, posso falar que sou favorável à instalação de uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar denúncias de envolvimento de policiais no crime organizado, afirmou. Como cidadão vou exigir a instalação dessa CPI, tratou de reforçar. Ele disse que a conclusão dos trabalhos da CPI o inocentariade qualquer envolvimento ou conivência com o crime organizado, mesmo crédito depositado ao ex-diretor geral da Polícia Civil, João Ricardo Képes Noronha, que está foragido,
O ex-secretário fez uma defesa pública ao ex-delegado-geral e disse que só não ficou do lado de Ricardo Noronha antes por estar na condição de secretário de Estado. Confio na honradez do delegado Noronha. Nunca ninguém trouxe a mim uma suspeita de desvio de conduta dele e ao invés disso, delegados invejosos foram fazer acusações aos deputados da CPI do Narcotráfico, declarou.
Segundo afirmou, a CPI não passa de um tribunal de exceção e que espera ser reconvocado o quanto antes para prestar depoimento em Brasília. Agora sou eu que quero depor, afirmou. Cândido endossou a posição de advogados dos acusados que apontaram a CPI como uma comissão interessada apenas em tentar desestabilizar o governo Jaime Lerner.
Sobre as acusações surgidas na CPI do Narcotráfico contra ele, Cândido Martins tratou de questionar seu poder. Apenas um deputado fala em nome da CPI no Paraná, o padre Roque, que por sinal nem é membro efetivo da comissão, menosprezou. As acusações sobre meu envolvimento em organizações criminosas são infundadas e vou provar isso.
Cândido Martins reservou ataques também ao senador Roberto Requião (PMDB-PR). O senador tem ódio no coração e me odeia mais ainda porque eu fui o coordenador político da campanha do governador Jaime Lerner, completou.
ReaçãoO presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Sydney Zappa, distribuiu nota oficial no final da tarde de ontem, reagindo aos ataques feito por Cândido Matrins de Oliveira. Ele acusou o ex-secretário de ter sido no mínimo conivente com o crime organizado no interior da polícia. Sydney Zappa afirma que a decretação das prisões de delegados e policiais mostra que faltou apuração dos fatos.
O povo está informado e tem amplas condições de identificar quem agiu de modo reprovável nesse episódio, afirmou Sydney Zappa. Certamente, não terá sido o Poder Judiciário paranaense. Em suma, os juízes nunca tiveram medo, mas o secretário foi, no mínimo, conivente, reforçou.