As recentes movimentações políticas, com a filiação do ex-juiz federal Sergio Moro ao Podemos (marcada para 10 de novembro) e o pedido de exoneração do Ministério Público Federal (MPF) feito pelo ex-coordenador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol, que também pode aderir ao mesmo partido, devem repercutir no quadro eleitoral paranaense. A eleição para governo do Estado, que até então apresenta uma clara vantagem a Ratinho Junior (PSD), que ainda não tem adversário declarado, pode ter uma certa “emoção” por causa dos candidatos à Presidência da República.

Imagem ilustrativa da imagem Candidatura de Moro deve provocar impasses no cenário estadual
| Foto: Jorge Araújo/Folhapress/24-10-2017

No atual cenário, com a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro sair à reeleição, de o Podemos lançar Sergio Moro e de o PSD Nacional, partido de Ratinho, também ter um nome próprio, o governador paranaense ficaria em uma encruzilhada, para definir qual candidato apoiar, correndo o risco de perder aliados.

“A vida de Ratinho se complica para fora do estado, porque ele é um dos poucos governadores, ainda, declaradamente apoiador de Bolsonaro e tem a tendência de o presidente do PSD, o Gilberto Kassab, não apoiar o governo, inclusive articulando um candidato próprio ou até mesmo apoiar Lula. Não está dentro dos planos do PSD apoiar Bolsonaro, não há motivos”, analisa o cientista político Emerson Cervi, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Enquanto não precisa decidir, Ratinho Junior vai trabalhando para fortalecer cada vez mais as alianças, puxando nomes de outras siglas. Um exemplo é o atual secretário municipal de Governo de Londrina, Alex Canziani, que acertou a migração do PTB para o PSD após entrar em atrito com o presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, por causa das constantes intervenções do diretório nacional no PTB do Paraná e nos diretórios municipais. Junto com ele vão a filha, deputada federal Luisa Canziani, e outros seis prefeitos.

Diante dessas negociações, o governador paranaense teria outro impasse, quem seriam os nomes para compor a sua chapa como vice e o candidato ao Senado, que no ano que vem terá apenas uma vaga. “É tudo uma questão de negociação prévia. Todo mundo sabe que ano que vem é uma vaga para senador. Acho difícil que tenha muitos candidatos fortes próximos ao governo, pois ele (Ratinho) terá que escolher”, considera Cervi.

CANDIDATURA PRÓPRIA

As discussões têm tomado conta não só do PSD, no Podemos não se descarta a possibilidade de ter um candidato próprio ao governo estadual, embora o alinhamento inicial seja pelo apoio a Ratinho. “O partido tem trabalhado na perspectiva de fazer uma aliança com Ratinho, principalmente pensando na composição da vaga do Senado para o Alvaro e ter uma posição relevante para o Sergio Moro. Quando falo partido é a maioria do partido. Tem o aval da diretoria, porque eles estão priorizando isso. Eu particularmente tenho defendido outra posição, mas sou minoritário. A minha posição é que o partido deveria definir uma candidatura própria para o governo do Estado e ser leal à candidatura de Moro”, diz à FOLHA o ex-deputado e ex-prefeito de Guarapuava César Silvestri Filho, atual presidente do Podemos no Paraná.

Com Moro pré-candidato à Presidência da República, a sigla pode romper com o atual governador se ele não apoiar o ex-juiz, com isso um dos nomes cotados à disputa seria o do próprio Silvestri Filho. “Eu tenho dito que assumo o projeto se for de entendimento do partido. O Podemos tem quadros para oferecer, vários nomes, o nome que se demonstrou até então disposto é o meu. Temos também o (senador) Flávio Arns. Eu tenho afirmado e reafirmado que não podemos ficar reféns da agenda de outros partidos”, destaca.

Ao ser questionado sobre as alianças feitas por Ratinho dentro do estado, o presidente do Podemos no Paraná considera como uma estratégia para se blindar. “O que eu vejo é que o Ratinho está numa situação confortável e está aproveitando o cenário favorável para varrer qualquer oposição, estando praticamente sem opositores”, afirma.

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