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Política 5m de leitura

Câmara de Rolândia abre CP contra prefeito

Doutor Francisconi acusa vereador de coagi-lo em troca de frear processo de cassação na Casa

ATUALIZAÇÃO
03 de setembro de 2019

Guilherme Marconi - Grupo Folha
AUTOR

Por sete votos favoráveis e três contrários, a Câmara Municipal de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) decidiu abrir nova CP (Comissão Processante) contra o prefeito, Luiz Francisconi Neto, o doutor Francisconi (PSDB), em votação nessa segunda à noite (2). A segunda investigação contra ele na Casa surgiu da representação feita pelo vereador Rodrigo da Costa Teodoro (SDD). O parlamentar baseia a denúncia em fatos revelados pelo Ministério Público, que acusa o prefeito tucano de ilegalidades na contratação de empresas terceirizadas prestadoras de serviços médicos e pagamentos indevidos por trabalhos não realizados pela esposa do prefeito, que é médica concursada do município.

"Não estamos condenando nem absolvendo nem dando juízo de valor neste momento. Será instalada a Comissão Processante para dar a garantia da ampla defesa e ao contraditório", disse o presidente da Câmara, Alex Santana (PSD), ao conduzir a votação. Apenas o vereador João Gaúcho (PSC) saiu em defesa do atual prefeito. Além dele, votaram contrários à abertura da CP, os vereadores Eugênio Serpeloni (PSD) e Mario do Carmo Campiolo (PSDB). 

Antes da votação, o prefeito havia acusado o vereador Reginaldo Silva (SDD) de tentar coagi-lo. Francisconi disse que o parlamentar entregou um papel com uma lista com cinco nomes para primeiro escalão.  As indicações políticas supostamente seriam uma exigência do vereador para barrar a investigação contra Francisconi na Câmara Municipal. 

 

Réu em ação penal no âmbito da Operação Patrocínio, Doutor Francisconi disse que foram três encontros com membros do Solidariedade.

Na reunião no seu gabinete no dia 5 de julho, o grupo teria entregue a lista em papel com os nomes relacionados para as secretarias de Infraestrutura e Serviços Públicos e cargos comissionados. "Eu perguntei se o vereador tinha projetos de lei e ele tirou do bolso indicações. Eles disseram que a CP não seguiria na Câmara. Estou fazendo isso para alertar a população. Cansei de ser chamado de bandido. Vou mostrar como as coisas funcionam."  Nessa segunda tarde, Francisconi registrou em cartório uma ata notarial com a suposta "lista."

 

OUTRO LADO

Após a coletiva do prefeito, o vereador citado registrou um boletim de ocorrência contra Doutor Francisconi por calúnia e difamação. "Quero que ele prove que foi coagido. Ele não apresentou prova e ainda se contradisse. Como assim estávamos negociando voto se no dia 5 de julho  não havia nem indício do assunto de comissão processante na Câmara?", rebateu Reginaldo Silva. Entretanto, ele admitiu que membros do partido entregaram a lista, mas sem estar atrelada à votação. 

Na primeira CP concluída em fevereiro deste ano, Doutor Francisconi foi absolvido pela Câmara após processo que investigou que ele supostamente teria direcionado uma licitação para favorecer a empresa Somopar. Naquela ocasião, foram seis votos favoráveis e três contrários à cassação. Entretanto, eram necessários sete votos para a perda do mandato e dos direitos políticos. Silva foi o relator do processo que indicou a cassação. 

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