A Prefeitura de Londrina está liberada para contrair empréstimo de R$ 30 milhões por meio da Fomento Paraná para socorrer a Sercomtel S/A. O projeto de lei foi aprovado em segunda discussão pela Câmara Municipal nesta terça-feira (16). Foram 11 vereadores favoráveis e 7 contrários. Agora, a matéria seguirá para sanção do prefeito Marcelo Belinati (PP), mas com o texto substitutivo que incluiu a exigência de que a contratação do crédito só poderá ser feita caso a privatização da telefônica londrinense não tenha sucesso. A segunda tentativa por leilão de encontrar interessados para assumir o controle está marcada para agosto.

Mesmo com votação apertada, o Executivo conseguiu mais uma vez impor seu objetivo de tentar reestruturar o caixa da empresa, no chamado "plano B". Os parlamentares que deram sim ao aporte milionário que sairá do caixa da prefeitura foram Ailton Nantes (PP), Amauri Cardoso (PSDB), Daniele Ziober (PP), Jairo Tamura (PL), Emanoel Gomes (Republicanos), Estevão da Zona Sul (PL), Fernando Madureira (PTB), Gerson Araújo (PSDB), Guilherme Belinati (PP), João Martins (PL) e Péricles Deliberador (PSC). Votaram contra: Eduardo Tominaga (DEM), José Roque Neto (PSB), Junior Santos Rosa (Republicanos), Mario Takahashi (PV), Roberto Fú (PDT), Rony Alves (PTB) e Vilson Bittencourt (PSB). Já Felipe Prochet (PSD) não compareceu.

DEVOLUÇÃO

Durante as discussões sobre o PL na Câmara, vereadores voltaram a questionar fato de a Copel, sócia da prefeitura na Sercomtel, não estar envolvida no empréstimo dos R$ 30 milhões. Presente à sessão desta terça, o presidente da Sercomtel, Cláudio Tedeschi, afirmou que o valor repassado pela Prefeitura será devolvido ao município pela empresa, na forma de um empréstimo. "No nosso planejamento já consideramos caixa para arcar com essas devoluções. Dessa forma, não se exime a responsabilidade da Copel de pagar esse empréstimo", disse. Conforme documento protocolado nessa terça pelo Executivo e anexado à tramitação do PL, a transferência dos R$ 30 milhões não constituirá aumento de participação do município na empresa.

Ainda segundo Tedeschi, os R$ 30 milhões serão utilizados para reestruturação administrativa e redução de gerências e coordenadorias, além de um PDV (Plano de Demissão Voluntária). O novo quadro seria composto por 159 funcionários: 1 presidente, 2 diretores, 6 gerentes, 11 coordenadores, 3 secretários e 136 colaboradores. Atualmente, a empresa gera 480 empregos diretos.

O vereador José Roque Neto colocou em xeque o plano de enxugamento. "Há alguns dias foi ventilado pela imprensa que houve a contratação de uma assessora por R$ 8 mil. Quando se fala de um enxugamento, com conselheiros administrativos recebendo R$ 4 mil pela função e novos funcionários com altos salários, como teremos garantia?", disse Roque Neto.

Outro alvo dos questionamentos dos vereadores foi a eficácia de um PDV que não prevê a quantidade de interessados em aderir. Para o representante dos empregados da Sercomtel no Conselho de Administração da companhia, Carlos Grigio, há interesse dos funcionários em aderir a um plano de demissão voluntária. "Os empregados têm expectativa com relação ao PDV, pois temos vários já aposentados. Como os acionistas não tinham recursos para o PDV, esses R$ 30 milhões são bem aguardados. Não resolve a situação econômico-financeira da empresa, mas é extremamente necessário. O risco maior é a caducidade, caso não tenhamos recursos para enxugar o quadro", avaliou.

Em 2017, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu um processo de caducidade, que, se for concluído, resultará na perda das licenças da empresa para explorar os serviços de telefonia fixa, celular e de banda larga.