O projeto de lei que libera a instalação de cercas energizadas em CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e escolas da rede pública e privada de Londrina foi aprovado por todos os vereadores em primeira votação nesta quinta-feira (30). O texto de n° 89/2023 altera o Código de Obras e Edificações (Lei n° 11.381/2011), que hoje proíbe esse tipo de equipamento.

O vereador Eduardo Tominaga (PSD) aponta que essa é mais uma ferramenta para melhorar a segurança das escolas da cidade. Ele explica que foram feitas reuniões com as pastas de Educação e Saúde, e houve apoio à medida.

“A expectativa agora é que as escolas que já têm instalado, inclusive as particulares, não sofram nenhum tipo de penalidade”, apontando que existe a necessidade para proteger a escola de invasores. “É de fora para dentro, invasores que podem estar mal-intencionados, no sentido inclusive de causar algum dano ao patrimônio público.”

O vereador reconhece que não serão todas as unidades educacionais que instalarão o equipamento, mas, se for sancionado, o projeto vai permitir que as próprias escolas tomem as melhores decisões.

Tominaga lembra que a alteração na legislação vai permitir o uso de verba do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola). “Tudo que vem para somar, no sentido de recursos federais, estaduais e municipais, com certeza a escola vai ter essa possibilidade de melhorar a segurança.”

‘CLAMOR DA SALA DE AULA’

A vereadora Flávia Cabral (PTB), que preside a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Paradesporto e Lazer da CML (Câmara de Vereadores de Londrina), afirma que ter a possibilidade de a escola escolher ter ou não o equipamento, nas normativas necessárias, é melhor que não ter regulamentação.

“É difícil falar sobre isso, porque a escola ideal seria aquela aberta, mas o momento não nos permite. A partir daí, apoiar o líder do Executivo nesse pedido, sabendo da conversa que ele fez junto à Secretaria de Educação, junto aos diretores, é entender que esse é um clamor de dentro das salas de aula, e para aquelas pessoas que estão lá, isso pode representar mais tranquilidade, mais segurança, mais paz”, aponta.

À frente da Comissão de Segurança Pública, o vereador Santão (PSC) diz que todos os equipamentos que ajudam na segurança são bem-vindos, principalmente quando se refere às escolas. “Uma escola com muro alto, que tenha serpentina em cima e cerca elétrica que possa impedir o adentramento de um marginal, certamente vai colaborar com a segurança”, opinou. “Será um equipamento a mais para agregar na segurança das crianças.”

Essa é uma avaliação semelhante à do secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, que disse à FOLHA que as cercas são uma ferramenta importante, desde que levando em conta as normativas e as eventuais adequações necessárias nos espaços.

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Causa animal rende bate-boca e troca de acusações entre vereadores

Durante a sessão desta quinta-feira (30), os vereadores Daniele Ziober (PP) e Deivid Wisley (Republicanos), que têm a causa animal como bandeira, tiveram uma discussão na CML (Câmara Municipal de Londrina). Ziober, durante uma fala, apresentou um vídeo divulgado por Wisley em suas redes sociais em que ele, segundo a parlamentar, “fez uma postagem aguçando a violência”.

O motivo do desentendimento foi um manifesto organizado por Wisley em prol do Hospital Público Veterinário, marcado para o próximo sábado (2). No vídeo, o vereador diz que tem gente “querendo surfar na nossa onda, surfar no nosso evento, e não será bem-vinda”. A parlamentar também mostrou mensagens enviadas por Wisley pedindo para que ela não fosse ao manifesto.

“Já vou avisar aqui: se aparecer no nosso evento para fazer politicagem, vou pedir para retirar e vai ficar feio, vai passar vergonha. Não será bem-vinda, não quero no evento. Todo mundo sabe de quem eu estou falando, está compartilhando minha arte descaradamente, dando uma que o evento é dela, e não é”, diz ele no vídeo.

A vereadora disse que se manifestou no plenário porque sentiu medo. “Isso é uma agressão emocional e psicológica muito grande para mim, porque eu luto pelo Hospital Público Veterinário há sete anos”, disse. “Ele fala que eu persigo, mas não, você não vê eu fazendo postagens de ataque. É ele que faz a mim. Eu estou cansada, cheguei no limite.”

Ela também afirma que a arte do evento foi divulgada em vários grupos, inclusive no dos parlamentares. “Não tem logo nenhum, não tem o nome dele. Eu nem sabia quem que estava organizando. E acho que quanto mais gente tiver, melhor. Eu fiquei assustada quando eu vi. Ele ameaça minha assessoria, somos todas mulheres”, continua. Em sua fala, Ziober disse estar com medo de entrar no prédio da CML. “E o pior, ele vai nas redes sociais com milhares de seguidores e instiga o povo a não me receber lá.”

Do outro lado, Wisley afirma que o manifesto foi organizado por ele e seu gabinete e que, apesar de ser um evento público, ele, como organizador, tem o direito “de escolher quem vai estar lá, tenho direito de me sentir bem".

“Outras pessoas, no caso até ela, tiveram oportunidade de realizar esse manifesto por sete anos. Por que não fizeram nada? Aí, eu fui lá, criei uma arte, junto com a assessoria, e a vereadora utilizou da minha arte sem permissão para colocar na rede social dela. Divulgou o evento como se fosse dela. E eu simplesmente disse que ela não era bem-vinda, em momento algum eu maltratei, eu discuti, usei da violência verbal”, dizendo que não cita o nome de Ziober no vídeo e que falou “simplesmente se aparecer lá, vou pedir educadamente para se retirar, porque não é um evento dela, é um evento meu e ela precisa respeitar o meu espaço”.

“Em nenhum momento eu me referi à pessoa mulher dela, como feminino, como agressão contra a mulher. A gente precisa aprender a separar o que é um evento e a agressão contra uma mulher. Em nenhum momento eu agredi ela, ela vai ter que provar”, continua.

O vereador nega ter ameaçado Ziober e sua assessoria e adiantou que vai denunciá-la à Comissão de Ética. “Se ela está falando que houve ameaça, que está sendo coagida pelos meus assessores, que está com medo de entrar no prédio [da Câmara], ela está me ofendendo e me chamando de marginal e vagabundo. Ela vai ter que provar isso.”